Conforme noticiado pelo Olhar Digital, na sexta-feira (31), as lentes de um poderoso telescópio instalado no alto de uma montanha nos EUA flagraram um retorno muito esperado pela comunidade astronômica e pelo público em geral. O cometa interestelar 3I/ATLAS deu novamente as caras no céu, após semanas mergulhado no brilho do Sol e invisível para a Terra. Outros registros do objeto têm sido obtidos desde então.
A captura da noite de Halloween foi feita por Qicheng Zhang, astrônomo do Observatório Lowell, que opera o Telescópio Discovery, instalado a mais de 2.300 metros de altitude, na cadeia montanhosa de Happy Jack, no norte do Arizona. Tudo indica que esta imagem representa o primeiro retrato óptico do cometa após sua passagem pelo ponto mais próximo do Sol – o chamado periélio.

Zhang notou depois que o cometa também podia ser visto com equipamentos bem menores. Em seu blog Cometary, ele publicou uma foto feita com um pequeno telescópio e informou que astrônomos amadores do Hemisfério Norte já poderiam tentar observá-lo.
“Tudo o que é preciso é um céu limpo e um horizonte leste baixo”, explicou o pesquisador ao site Live Science. Segundo ele, o cometa aparecerá como uma pequena mancha no céu, mas deve ficar mais visível a cada dia.

O astrônomo destacou que o Telescópio Discovery é um dos poucos grandes instrumentos capazes de observar tão perto do horizonte. Segundo ele, essa condição foi essencial para capturar o cometa logo após o periélio. Zhang conseguiu fazer a foto quando o 3I/ATLAS estava a apenas 16 graus do Sol, pouco acima do horizonte, aproveitando o momento exato em que o céu ainda estava escuro o suficiente.
Para se preparar, ele costuma usar um telescópio menor – com lente de 15 cm – para testar as condições do céu e ajustar o tempo de exposição antes das observações oficiais. Segundo o especialista, embora possam existir outros registros feitos por radiotelescópios ou por instrumentos menores, a imagem capturada parece ser a primeira foto óptica do cometa após o periélio.
Veja outras imagens do 3I/ATLAS após encontro com o Sol
Depois das imagens capturadas por Zhang, outras começaram a ser divulgadas. Os dois registros a seguir foram feitos na terça-feira (4) – um nos EUA e o outro na Áustria.

“Cometa 3i/ATLAS! Estava muito perto do horizonte e do brilho do amanhecer”, disse o astrofotógrafo Terry Pundiak, de Palmer Township, no estado norte-americano da Pensilvânia, na legenda da foto acima, enviada à galeria de imagens astronômicas da plataforma Spaceweather.com. “Criei um conjunto de coordenadas manualmente, mas cometi um pequeno erro ao inverter os números. A posição do cometa está fora do centro. Devido ao rápido amanhecer, só consegui capturar uma imagem de 20 segundos, e depois disso, a luz do Sol causou falhas nas demais fotos”.
O Observatório Aéreo de Martinsberg, na Áustria, é o responsável pela imagem abaixo. “Após a dissipação das nuvens, conseguimos tirar uma pequena série de fotos com um filtro verde e um RASA ao amanhecer”, explica Michael Jäger, que opera o observatório em parceria com o astrofotógrafo Gerald Rhemann.

Segundo Jäger, o cometa tem uma coma de 2,5′ (minutos de arco) e uma cauda apontando em direção ao norte, com ângulo de posição de cerca de 334° e extensão aproximada de 17° – como a Lua cheia ocupa 0,5° no céu, a cauda teria aproximadamente 34 vezes o diâmetro dela.
O astrofotógrafo ressalta que “devido à sua baixa posição no céu, os dados são preliminares e requerem confirmação adicional”. A astrometria não revelou nenhuma posição incomum, de acordo com ele. “Tudo parece normal.”
O próximo registro foi obtido nesta quarta-feira (5) pelo PhD em astrofísica Gianluca Masi, diretor científico do Projeto Telescópio Virtual, em Manciano, na Itália.

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Descoberto em julho, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já detectado passando pelo Sistema Solar – ou seja, que veio de fora dele. Os cálculos mostram que o cometa viaja a mais de 210 mil km/h em uma trajetória praticamente retilínea. Isso indica que ele está apenas “de passagem” e não ficará preso pela gravidade do Sol, como os cometas comuns.
Visitante interestelar muda de cor e tem aceleração “turbinada”
Um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão de pares para publicação, revela que o cometa interestelar 3I/ATLAS mudou de cor e está apresentando evidências de uma aceleração provocada por outros fatores além da gravidade.
Usando o Observatório de Relações Solar-Terrestre (STEREO), da NASA, o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), uma colaboração entre as agências espaciais norte-americana e europeia (ESA), e o satélite meteorológico GOES-19, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), os autores do novo estudo conseguiram observar o 3I/ATLAS pouco antes de alcançar o periélio. Clique aqui para saber mais.