“Cometa do Diabo” emite estranhos sinais de rádio, diz estudo

Descoberta foi feita utilizando dados coletados pelo Radiotelescópio Tianma em 2024, data da última passagem da rocha espacial perto da Terra
Alessandro Di Lorenzo05/11/2025 11h26
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Cometa 12P/Pons-Brooks, que ficou conhecido em 2024 como “Cometa do Diabo”. Crédito: COMET CHASERS/Faulkes Telescope Project/Las Cumbres Observatory
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O cometa 12P/Pons-Brooks, popularmente chamado de “Cometa do Diabo”, tem sido estudado por cientistas há anos. Agora, um novo trabalho revelou que a rocha espacial, descoberta em 1812, apresenta uma particularidade intrigrante.

De acordo com uma equipe de astrônomos liderada pelo Observatório Astronômico de Xangai, o objeto emite estranhos sinais de rádio. A descoberta foi feita utilizando dados coletados pelo Radiotelescópio Tianma.

Rocha espacial apresenta cauda em formato de chifre (Imagem: Helen Usher/Richard Miles/Las Cumbres Observatory)

Cauda tem formato de chifre

  • O 12P/Pons-Brooks é um cometa criovulcânico que pertence à classe de cometas do tipo Halley.
  • Ele é composto de uma concha dura e gelada cheia de gás, poeira e gelo e uma cauda feita do material que vaza do seu interior.
  • O apelido “Cometa do Diabo” é devido ao formato de chifre que sua cauda assume quando ele entra em erupção.
  • Com uma órbita elíptica que dura cerca de 71 anos, ele atingiu o periélio (ponto mais próximo do Sol) em abril do ano passado.
  • Atualmente na constelação de Lupus, a mais de 851 milhões de km da Terra, o cometa deve voltar a se aproximar da Terra apenas em 2095.

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Descoberta aconteceu durante a última passagem do cometa perto do nosso planeta (Imagem: Ihor Chopovskyi/iStock)

Cometa se aproximou da Terra no ano passado

Os pesquisadores explicam que o “Cometa do Diabo” é um objeto gelado que tem um período orbital entre 20 e 200 anos. A última vez que ele se aproximou da Terra foi em 2024. Na oportunidade, emitiu várias explosões de brilho e sinais de rádio.

O mecanismo por trás desses fenômenos permanece sendo um mistério, mas a equipe conseguiu detectar um pico na linha espectral associada à hidroxila. Esse é um radical livre composto por um átomo de hidrogênio e oxigênio, que é o resultado da quebra do vapor de água pela radiação do Sol.

Cometa só deve ser avistado novamente em 2095 (Imagem: Nielander via ESA/Wikimedia Commons)

A partir dessa informação, os cientistas simularam como a luz solar interage com a superfície do cometa. Isso resultou na criação de modelos de como as taxas de produção de água mudaram em cada explosão, revelando que ele é muito mais ativo do que outros cometas do tipo.

Essa análise pode ajudar a entender mais sobre os primeiros dias do Sistema Solar, cerca de 4,6 bilhões de anos atrás. Além disso, o trabalho poderia determinar como surgiram as condições que permitiram que a vida florescesse na Terra. As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.