Dois clarões surgiram na Lua em 48 horas: o que eles são?

Astrônomo amador japonês registra dois impactos consecutivos com telescópios caseiros; eventos ajudam a calcular frequência de asteroides que atingem a Lua.
Lucas Soares05/11/2025 11h51, atualizada em 05/11/2025 21h30
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Clarões na Lua visíveis da Terra foram registrados por um astrônomo amador no Japão. Os impactos, observados na quinta-feira (30) e no sábado (1º), ocorreram a velocidades que podem ter atingido 96.560 km/h, liberando energia equivalente a explosivos convencionais.

O fenômeno foi causado por dois asteroides que colidiram com a superfície lunar. As detecções foram realizadas por Daichi Fujii, curador do Museu da Cidade de Hiratsuka, que mantém um sistema automatizado de telescópios para monitorar a Lua. “Quero que o público aprecie a ciência”, afirmou Fujii ao The New York Times, que já documentou cerca de 60 impactos lunares desde 2011.

O primeiro clarão foi registrado a leste da cratera Gassendi, com 112 km de diâmetro, enquanto o segundo ocorreu a oeste do Oceanus Procellarum (“Oceano das Tempestades”), uma vasta planície vulcânica. A confirmação dos eventos como impactos reais foi reforçada pela observação simultânea através de múltiplos telescópios no Japão, afastando a possibilidade de interferência de raios cósmicos.

“Esses clarões de impacto parecem reais”, afirmou Juan Luis Cano, engenheiro do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra da Agência Espacial Europeia, ao site americano. “Ambos parecem estar um pouco acima da média em termos de tamanho do clarão.”

Representação artística do céu na noite e quarta-feira (5), com a Superlua ao lado as Sete Irmãs Plêiades acima do horizonte norte. Crédito: Imagem gerada por IA/Gemini com base em dados do Stellarium

Qual a importância desses impactos na Lua?

Estes registros permitem aos astrônomos refinar estimativas sobre a frequência de impactos de asteroides na Lua, informação crucial para avaliar riscos semelhantes na Terra. Fujii sugere que os objetos podem ter origem na chuva de meteoros Taurídeos, associada ao Cometa Encke, conhecida por incluir fragmentos de maiores dimensões.

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O monitoramento contínuo ganha relevância adicional no contexto dos planos de agências espaciais e empresas privadas para estabelecer bases lunares permanentes. “Compreender a frequência e a energia dos clarões de impacto pode orientar o projeto e a operação de bases lunares”, destacou Fujii.

Vista de dois grandes cânions na Lua irradiando da bacia de impacto de Schrödinger. Crédito: NASA / SVS / Ernie T. Wright

A NASA não comentou os incidentes devido à paralisação de atividades por falta de verba, embora os observatórios de defesa planetária financiados pela agência ainda estejam operando. Já a ESA não conseguiu registrar o fenômeno devido à claridade na Europa durante os impactos.

Os eventos reforçam a noção da Lua como um corpo celeste dinâmico e sujeito a bombardeamento constante, servindo tanto como laboratório natural para o estudo de impactos como alerta para os desafios da expansão humana no espaço.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

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