A influenciadora Kamylinha, citada como uma das vítimas na denúncia feita pelo youtuber Felca sobre exploração de menores nas redes sociais, compareceu à Justiça como testemunha de defesa de Hytalo Santos – apontado na mesma denúncia como um dos responsáveis pela adultização (sexualizada, muitas vezes) de adolescentes em vídeos publicados na internet.
Kamylinha, hoje com 18 anos, compareceu à audiência de instrução realizada no Fórum Criminal de Bayeux (PB), na terça-feira (04), segundo o G1 – que não teve acesso ao teor do depoimento. Hytalo e o marido, Israel Vicente, são réus por produção de conteúdo para a internet com exploração sexual de crianças e adolescentes.
Kamylinha é testemunha de defesa e peça importante na denúncia de Felca sobre adultização
O depoimento de Kamylinha como testemunha de defesa ocorreu durante a primeira audiência de instrução do caso. Assim, a audiência marcou o primeiro avanço judicial do processo desde as prisões de Hytalo e Israel, ocorridas em agosto.

De lá para cá, o casal foi transferido de São Paulo para a Penitenciária Flósculo da Nóbrega, conhecida como presídio do Roger, na capital paraibana.
Além de Kamylinha, outras testemunhas de defesa e de acusação foram ouvidas pelo juiz Antônio Rudimacy, da 2ª Vara Mista de Bayeux.
O magistrado ainda analisa pedidos da defesa pela revogação da prisão preventiva. O Ministério Público da Paraíba (MPPB), por outro lado, defende que os dois réus permaneçam presos enquanto o processo corre. Ainda não há prazo para que o magistrado decida sobre os pedidos.
O começo do caso: o vídeo de Felca sobre adultização
O caso começou em 6 de agosto, quando o youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicou um vídeo de quase 50 minutos intitulado “Adultização”.

No conteúdo, ele denunciou a exploração e sexualização de menores em produções de influenciadores digitais – entre os exemplos mais esmiuçados, estava Hytalo Santos e seus vídeos com Kamylinha (que, na época da produção dos vídeos mostrados, era menor de idade).
Felca mostrou como algoritmos das plataformas podem amplificar vídeos que sexualizam adolescentes, tornando-os mais visíveis e, assim, reforçando práticas de exploração.
Ele também apresentou o conceito de “Algoritmo P” – um termo criado para descrever o modo como sistemas de recomendação facilitam a circulação de conteúdos voltados a pedófilos.
O vídeo viralizou rapidamente, ultrapassando milhões de visualizações. Ao longo dos dias seguintes, provocou uma onda de repercussão nas redes sociais, no Congresso, no Planalto.
A partir das denúncias, o Ministério Público da Paraíba e a Polícia Civil iniciaram investigações que resultaram nas prisões de Hytalo e do marido. O casal foi detido em São Paulo.