Um dos objetivos da exploração espacial sempre foi encontrar vida fora da Terra. Embora ainda não haja evidências da existência de seres extraterrestres – nem mesmo microscópicos -, essa busca possibilitou avanços científicos impressionantes.
Em artigo publicado no portal The Conversation, Gabriela Radulescu, pesquisadora do Smithsonian Institution, destaca a importância da radioastronomia neste processo. Uma tecnologia que permitiu a criação de um área de pesquisa que hoje recebe o nome de busca por inteligência extraterrestre, ou SETI.

A criação do SETI
- A autora lembra que, à medida que os humanos começaram a explorar o espaço na segunda metade do século XX, as ondas de rádio provaram ser uma ferramenta poderosa.
- Os cientistas poderiam enviar ondas de rádio para se comunicar com satélites, foguetes e outras espaçonaves, e usar radiotelescópios para captar ondas de rádio emitidas por objetos em todo o universo.
- No entanto, às vezes os radiotelescópios captavam os sinais de rádio artificiais.
- Essa interferência ameaçava as observações astronômicas sensíveis, causando dados imprecisos e até danificando equipamentos.
- Durante a Guerra Fria, surgiu a ideia de que os astrônomos poderiam procurar comunicações de rádio de civilizações extraterrestres possivelmente existentes.
- Este campo hoje é chamado de busca por inteligência extraterrestre, ou SETI.
- Ele engloba todos os esforços para procurar vida inteligente fora da Terra.
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Legado dessa busca continua até hoje
A pesquisadora explica que, quando a ideia por trás do SETI foi proposta, na década de 1960, apenas dois países, os EUA e a URSS, tinham capacidade técnica para isso. Após a Segunda Guerra Mundial, no entanto, os cientistas descobriram que poderiam usar as antenas de radar para detectar sinais de rádio vindos de objetos no universo.
Na antiga União Soviética, o proeminente pioneiro da radioastronomia Iosif Samuilovich Shklovsky desempenhou um papel fundamental na detecção de sinais de rádio do hidrogênio. Shklovsky descobriu como detectar hidrogênio com ondas de rádio, o que ajudou os astrônomos a mapear a distribuição e o movimento do gás hidrogênio dentro e entre as galáxias.
Gabriela Radulescu, pesquisadora do Smithsonian Institution

Shklovsky mais tarde ficou fascinado com a possibilidade de usar ondas de rádio para entrar em contato com outros seres inteligentes no universo. Em 1962, a Academia de Ciências da URSS enviou sua primeira mensagem de rádio na direção de Vênus a partir de um radar na Crimeia.
Os esforços para colaborar internacionalmente em sinais artificiais culminaram em 1971 com um simpósio em Byurakan. Lá, cerca de 50 cientistas – a maioria dos EUA e da URSS, mas também alguns da Tchecoslováquia, Hungria, Reino Unido e Canadá. Depois de quase uma semana de discussão, os dois blocos geopolíticos designaram um grupo oficial do SETI. Esse grupo ainda existe hoje e ainda conecta pesquisadores de todo o mundo que conduzem pesquisas. Dado o sigilo em torno dos sinais de rádio no espaço, este grupo internacional marcou uma conquista diplomática importante no auge da Guerra Fria.
Gabriela Radulescu, pesquisadora do Smithsonian Institution

O SETI é o primeiro e único domínio da astronomia a estudar os próprios sinais de rádio artificiais. Ele abordou indiretamente a interferência de radiofrequência durante uma época em que elas eram altamente desreguladas. E o legado continua até hoje, com a descoberta de novos objetos e fenômenos astrofísicos.