Robôs poderão ajudar no cuidado de idosos?

Estudo japonês mostra que robôs cuidadores têm apoio da sociedade, desde que garantam privacidade e ética no uso.
Por Maurício Thomaz, editado por Bruno Capozzi 06/11/2025 06h10
robô humanoide cuida de idoso
Imagem: Shutterstock AI
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A presença de robôs no cotidiano nunca pareceu tão próxima. À medida que avanços tecnológicos aceleram o desenvolvimento dessas máquinas, cresce também o debate social sobre seus impactos. Entre as áreas que mais geram discussões está o uso de robôs no cuidado de idosos — especialmente em países com população envelhecida e déficit de profissionais de saúde. Um novo estudo realizado no Japão mostra que a sociedade está aberta à adoção desses sistemas, desde que tragam benefícios reais e respeitem questões éticas essenciais.

A pesquisa, conduzida por especialistas liderados pela professora Sayuri Suwa, da Chiba University, indica que o uso doméstico de robôs cuidadores pode se tornar uma realidade consolidada, mas a aceitação depende de fatores como segurança, privacidade e participação dos usuários no processo de desenvolvimento. O trabalho foi publicado no periódico Computers in Human Behavior e traz contribuições importantes para a implementação dos robôs no suporte a adultos mais velhos.

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O uso doméstico de robôs cuidadores pode se tornar uma realidade consolidada (Imagem: IM Imagery / Shutterstock)

Sociedade aberta aos robôs — com condições claras

Com o envelhecimento populacional acelerado, o Japão enfrenta a previsão de ter um déficit de aproximadamente 570 mil cuidadores até 2040. Nesse cenário, robôs tornam-se uma alternativa estratégica para apoiar a autonomia de idosos e diminuir a sobrecarga sobre familiares e profissionais de saúde.

A pesquisa analisou respostas de 4.890 indivíduos, incluindo idosos, familiares, cuidadores e desenvolvedores de robôs. O levantamento identificou maior disposição para o uso de robôs entre pessoas com menos de 65 anos e entre aquelas que acompanham notícias tecnológicas ou se interessam em testar novas soluções. Mulheres demonstraram ligeiramente mais receptividade do que homens.

Ao mesmo tempo, tanto potenciais usuários quanto desenvolvedores reforçaram a importância de garantir mecanismos de segurança e proteção à privacidade. Segundo os autores, essa percepção aponta para uma necessidade urgente: envolver a sociedade no processo de criação e evolução dos robôs cuidadores.

Privacidade e transparência são prioridades

Um dos pontos centrais levantados pelo estudo diz respeito ao compartilhamento de dados pessoais com robôs. Os participantes foram questionados sobre a disposição em fornecer informações sensíveis, como sinais vitais, voz e localização.

Os resultados mostram um padrão de confiança diferenciado:

  • Cerca de 80% aceitariam compartilhar informações com profissionais de saúde para fins de pesquisa
  • Apenas 40% a 50% compartilhariam esses dados com empresas de robótica
  • Usuários e desenvolvedores concordam que privacidade e segurança digital são essenciais
  • Muitos manifestaram interesse em participar diretamente do desenvolvimento e aperfeiçoamento dos robôs

Essas respostas evidenciam que transparência, comunicação clara e ética são pilares para ampliar o uso responsável de robôs no cuidado humano.

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Robôs como apoio ao envelhecimento ativo

Para os pesquisadores, a integração de robôs ao cuidado domiciliar deve ser guiada pela colaboração entre sociedade, academia e indústria. A tecnologia pode desempenhar papel crucial ao permitir que idosos mantenham autonomia em suas casas e comunidades, além de reduzir a pressão sobre cuidadores familiares e profissionais.

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Com planejamento adequado, robôs podem contribuir para um modelo de cuidado mais eficiente, humano e sustentável — especialmente em sociedades que enfrentam desafios crescentes com o envelhecimento populacional.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.