As farmacêuticas Eli Lilly e Novo Nordisk fecharam um acordo com o governo estadunidense nesta quinta-feira (6) para reduzir o preço de canetas emagrecedoras nos EUA. A medida impacta os medicamentos Zepbound e o Wegovy. No Brasil, apenas o Wegovy tem liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não se sabe se o acordo impactará os preços também por aqui.
Isso porque a negociação foca nos beneficiários do Medicare e Medicaid em tratamento para obesidade, uma decisão inédita no país. A cobertura inclui uma nova versão dos chamados medicamentos GLP-1, disponíveis a partir de 2026. As doses também serão vendidas em um site que o governo Donald Trump lançará em janeiro, chamado TrumpRx.gov.
A nova linha custará US$ 149 (R$ 797) por mês para todos que os receberem pelo Medicare, Medicaid ou TrumpRx, segundo a CNBC. Certos pacientes do Medicare pagarão uma coparticipação de US$ 50 por mês para ter acesso aos remédios. As injeções já existentes custarão US$ 350 (R$ 1,8 mil) por mês no TrumpRX, mas “diminuirão gradualmente” para US$ 245 (R$ 1,3 mil) por mês ao longo de um período de dois anos.

Tanto o Medicare quanto o Medicaid são programas de saúde, mas com públicos distintos. O Medicare atende pessoas com 65 anos ou mais, além de adultos com deficiências e doenças específicas, mediante co-pagamentos e franquias. Já o Medicaid é financiado pelo governo federal em conjunto com os estados para atender famílias de baixa renda, com serviços a valores baixos.
Canetas emagrecedoras: público-alvo
Nas próximas semanas, o governo estadunidense vai criar um programa-piloto para distribuir as canetas aos cerca de 10% dos beneficiários elegíveis para receber GLP-1. Os pacientes serão divididos em três grupos:
- Aqueles com sobrepeso, com índice de massa corporal superior a 27 ou com pré-diabetes ou doença cardiovascular estabelecida;
- Pessoas com obesidade – com IMC superior a 30 – e hipertensão não controlada, doença renal ou insuficiência cardíaca;
- Pacientes com obesidade grave, ou seja, qualquer pessoa com IMC superior a 35.

Leia mais:
- Wegovy em comprimido? Semaglutida oral mostra eficácia e pode aposentar as injeções
- Brasil se une à China para desenvolver o “Ozempic do SUS”
- Chá verde acelera metabolismo e pode combater obesidade, revela estudo
Ganha-ganha
Recentemente, o governo Trump também anunciou acordos com a Pfizer, AstraZeneca e a EMD Serono para vender determinados remédios com descontos em troca de isenções de tarifas farmacêuticas. Eli Lilly e Novo Nordisk também se comprometeram a garantir preços mais baixos para o mercado interno em todos os novos produtos das empresas.

Essa não é a primeira vez que a Casa Branca conduz um programa de tratamento de obesidade e diabetes pelo Medicare. O ex-presidente Joe Biden propôs uma regra no final de seu mandato que poderia atender 3,4 milhões de beneficiários, mas a proposta não avançou após o Congresso indicar que a cobertura custar US$ 35 bilhões (R$ 187 bilhões) ao longo de nove anos aos contribuintes.