O que é a Síndrome de Reye? Veja a relação com a aspirina e vírus

Síndrome de Reye: doença rara ligada à aspirina em crianças com vírus. Saiba sintomas, prevenção e tratamento eficaz
Por Danilo Oliveira, editado por Layse Ventura 06/11/2025 05h20
Mulher sofrendo de vertigem, tontura ou outro problema de saúde relacionado ao cérebro ou ouvido interno
Mulher sofrendo de vertigem, tontura ou outro problema de saúde relacionado ao cérebro ou ouvido interno / Crédito: Tunatura (Shutterstock)
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A síndrome de Reye é uma doença rara, porém grave, que pode afetar principalmente crianças e adolescentes em recuperação de infecções virais, como gripe ou catapora.

Embora pouco conhecida, ela ganhou atenção médica e do público devido à sua associação com o uso de aspirina durante quadros virais. A condição provoca inflamação no fígado e no cérebro, podendo levar a complicações neurológicas severas, falência hepática e, em casos extremos, à morte.

Diagnosticar a síndrome de Reye rapidamente é crucial, já que os primeiros sintomas podem se assemelhar aos de uma gripe comum, dificultando a identificação precoce. Médicos recomendam cautela com medicamentos à base de ácido acetilsalicílico em crianças, destacando alternativas seguras como paracetamol ou ibuprofeno.

Vamos entender o que causa a síndrome de Reye, como ela se manifesta, seu vínculo com aspirina e infecções virais, além das formas de prevenção e tratamento.

O que é a síndrome de Reye?

A síndrome de Reye é uma condição médica caracterizada pela rápida deterioração do fígado e do cérebro. Ela foi descrita pela primeira vez na década de 1960 pelo Dr. R. Douglas Reye, que identificou casos de crianças que apresentavam sintomas graves após infecções virais. Embora rara, a doença pode evoluir rapidamente e requer atenção médica imediata.

O quadro clínico é marcado por vômitos persistentes, alterações de comportamento, confusão mental, convulsões e, em casos graves, coma. A síndrome interfere no metabolismo celular, levando à acumulação de ácidos orgânicos e amônia no sangue, o que provoca intoxicação do organismo e aumento da pressão intracraniana.

O fator mais preocupante é que, devido à sua semelhança com sintomas de viroses comuns, o diagnóstico precoce pode ser desafiador, tornando a educação de pais e profissionais de saúde fundamental para prevenir complicações graves.

Representação de um cérebro humano e nervos saindo dele e descendo
(Imagem: Rebel Red Runner
/Shutterstock)

Como a aspirina está relacionada à síndrome de Reye?

O vínculo entre a síndrome de Reye e o uso de aspirina (ácido acetilsalicílico) é um dos aspectos mais estudados da doença. Diversos estudos mostraram que crianças que tomam aspirina durante uma infecção viral têm risco significativamente maior de desenvolver a síndrome.

O mecanismo exato ainda não é totalmente compreendido, mas acredita-se que a aspirina interfira na função mitocondrial das células do fígado, tornando-as mais vulneráveis ao estresse metabólico causado por vírus. Isso pode desencadear lesões hepáticas graves e o acúmulo de substâncias tóxicas no corpo, culminando em sintomas neurológicos graves.

Por isso, órgãos de saúde como o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) e a OMS recomendam evitar a administração de aspirina em crianças e adolescentes, especialmente em casos de gripe, catapora ou qualquer outra doença viral. Alternativas seguras, como paracetamol e ibuprofeno, são indicadas para controlar febre e dor.

(Imagem: Irin Fierce/Shutterstock)

Quais vírus estão associados à síndrome de Reye?

A síndrome de Reye geralmente ocorre após infecções virais. Entre os vírus mais comuns associados à doença estão:

  • Varicela-zoster (catapora): estudos indicam que o risco de desenvolver a síndrome é mais alto quando a aspirina é administrada durante ou logo após a doença.
  • Influenza (gripe): tanto o tipo A quanto o B podem ser gatilhos, principalmente se a criança estiver em uso de aspirina.
  • Vírus respiratórios comuns: alguns relatos associam a síndrome a resfriados ou infecções respiratórias virais, embora esses casos sejam mais raros.

É importante destacar que a síndrome de Reye não é contagiosa. O risco está relacionado à interação entre o vírus e fatores químicos ou metabólicos, como a aspirina, em indivíduos suscetíveis.

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Sintomas da síndrome de Reye

Reconhecer os sinais iniciais da síndrome de Reye é crucial para a intervenção precoce. Os sintomas podem variar conforme a idade e a gravidade da doença, mas os mais comuns incluem:

  • Vômitos persistentes e intensos;
  • Letargia ou fadiga incomum;
  • Alterações de comportamento, incluindo irritabilidade e confusão;
  • Sonolência excessiva ou dificuldade para despertar;
  • Convulsões;
  • Alterações respiratórias;
  • Coma em casos avançados.

A evolução rápida dos sintomas exige atenção imediata. Se houver suspeita, é recomendado buscar atendimento médico sem demora, pois a intervenção precoce aumenta significativamente as chances de recuperação.

Mulher com mão na testa de menino doente enquanto segura termômetro na boca dele
(Imagem: Ground Picture/Shutterstock)

Diagnóstico da síndrome de Reye

O diagnóstico da síndrome de Reye exige uma avaliação clínica detalhada acompanhada de exames laboratoriais. Normalmente, o médico solicita exames de sangue para verificar a função hepática, os níveis de amônia, glicose e eletrólitos, além de exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética, que ajudam a avaliar o estado do cérebro em casos mais graves.

Também é feita uma análise minuciosa do histórico médico do paciente, especialmente para identificar o uso recente de aspirina ou outros medicamentos durante infecções virais. O diagnóstico precoce é fundamental, pois o tratamento iniciado rapidamente pode reduzir significativamente o risco de complicações e de morte.

Tratamento da síndrome de Reye

Não existe cura específica para a síndrome de Reye, mas o tratamento médico de suporte é eficaz se iniciado cedo. As medidas incluem:

  • Internação hospitalar: para monitoramento constante de funções vitais.
  • Controle da pressão intracraniana: medicamentos ou procedimentos para reduzir o inchaço cerebral.
  • Reposição de líquidos e eletrólitos: mantém o equilíbrio metabólico.
  • Medicação para complicações: anticonvulsivantes e outros medicamentos podem ser administrados conforme necessário.

O tratamento precoce, combinado com suporte intensivo, aumenta as chances de recuperação completa, mas atrasos podem resultar em sequelas neurológicas permanentes ou morte.

Prevenção da síndrome de Reye

A prevenção da síndrome de Reye é bastante direta e está centrada em cuidados simples com o uso de medicamentos e na manutenção das vacinas em dia.

Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o uso de aspirina e de outros medicamentos que contenham salicilatos deve ser evitado em crianças e adolescentes durante infecções virais, como gripe e catapora, pois há uma relação comprovada entre esses fármacos e o desenvolvimento da síndrome.

O National Health Service (NHS) também reforça essa recomendação e orienta que a aspirina não deve ser administrada a menores de 16 anos, salvo sob prescrição médica específica.

Além disso, manter as vacinas contra gripe e varicela atualizadas ajuda a reduzir o risco de infecções que podem desencadear a doença.

Pais e cuidadores devem estar atentos a sinais de alerta, como vômitos persistentes, confusão mental ou sonolência incomum, buscando atendimento médico imediato. Com essas medidas simples e baseadas em evidências, é possível minimizar de forma eficaz o risco da síndrome de Reye.

Pediatra aplica vacina em criança — imunização infantil como proteção contra doenças virais. / Crédito: Billion Photos (Shutterstock/reprodução)

Prognóstico e complicações

O prognóstico da síndrome de Reye depende da rapidez do diagnóstico e do início do tratamento. Em casos leves, crianças podem se recuperar totalmente. No entanto, complicações graves incluem:

  • Danos cerebrais permanentes;
  • Alterações cognitivas ou comportamentais;
  • Problemas hepáticos crônicos;
  • Coma e risco de morte.

Estudos indicam que, desde que o uso de aspirina em crianças tenha sido reduzido, os casos de síndrome de Reye diminuíram significativamente, tornando a doença ainda mais rara.

Síndrome de Reye na mídia e conscientização

Apesar de rara, a síndrome de Reye recebeu atenção da mídia nas décadas de 1980 e 1990, quando vários casos graves foram associados ao uso de aspirina. Desde então, campanhas de conscientização e orientações médicas reduziram drasticamente a incidência.

Hoje, a educação de pais e cuidadores sobre o risco de aspirina em crianças é a ferramenta mais eficaz para prevenir a doença. Informações confiáveis e atualizadas ajudam a evitar pânico, mas reforçam a necessidade de cautela e atenção aos sinais de alerta.

A síndrome de Reye é uma doença rara, mas potencialmente letal, que afeta principalmente crianças e adolescentes em recuperação de infecções virais. O vínculo com o uso de aspirina é bem documentado, e a prevenção depende de evitar o medicamento durante viroses e manter a vacinação em dia.

Reconhecer os sinais precoces, como vômitos persistentes, confusão e sonolência excessiva, é crucial para a intervenção rápida. Com diagnóstico e tratamento adequados, a maioria das crianças se recupera, mas atrasos podem levar a complicações graves.

As informações presentes neste texto têm caráter informativo e não substituem a orientação de profissionais de saúde. Consulte um médico ou especialista para avaliar o seu caso.

Danilo Oliveira
Colaboração para o Olhar Digital

Danilo Oliveira é jornalista formado pela Universidade Cruzeiro do Sul, amante de jogos, quadrinhos e Puroresu. Atualmente é colaborador do Olhar Digital, podcaster e diretor de comunicação.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.