Anta: fragmentação da Mata Atlântica ameaça espécie brasileira, revela estudo

Segundo os pesquisadores, quanto mais fragmentada e isolada a floresta, menor a probabilidade de presença dos animais
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 06/11/2025 05h15
anta-brasileira passeia no pantanal
Imagem: Photos BrianScantlebury/Shutterstock
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A fragmentação florestal é um dos principais fatores que reduzem a probabilidade de ocorrência da anta-brasileira (Tapirus terrestris) na Mata Atlântica. O alerta é de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Durante estudo, a equipe monitorou 42 paisagens no Estado de São Paulo utilizando armadilhas fotográficas entre 2014 e 2019. Mapas de uso e cobertura do solo e imagens de satélite também foram utilizados no trabalho.

Trabalho revela que a configuração da paisagem pode impactar na população dos animais (Imagem: Pedro Carrilho/Shutterstock)

Quanto mais isolada a floresta, menor a presença dos animais

  • A conclusão dos pesquisadores é que não é apenas a quantidade de floresta que determina a ocorrência da anta.
  • Eles apontam que a configuração da paisagem é determinante para a sobrevivência da espécie.
  • Segundo a equipe, quanto mais fragmentada e isolada a floresta, menor a probabilidade de presença dos animais.
  • As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Biological Conservation.

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Anta-brasileira está ameaçada (Imagem: Cavan-Images/Shutterstock

Espécie contribui para a regeneração da vegetação

Os pesquisadores explicam que as antas são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas tropicais. Conhecidas como as jardineiras das florestas, elas atuam como dispersoras de grandes sementes, contribuindo para a regeneração da vegetação e para a manutenção do estoque de carbono. A destruição da Mata Atlântica, no entanto, tem limitado a presença destes animais.

Essa espécie está distribuída em vários biomas do Brasil, ocorrendo na Caatinga, Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Cerrado. Mas o estudo foca nas áreas de interior na Mata Atlântica, onde a vegetação é mais seca. Essas regiões foram desmatadas desde o período colonial, então hoje restam poucos fragmentos. O que mostramos neste estudo é que importa muito o arranjo desses fragmentos. Se estão próximos entre si ou se há um tamanho mínimo adequado, as chances de encontrar a espécie aumentam. À medida que a paisagem se fragmenta, a espécie some.

André Regolin, pesquisador da Unesp e primeiro autor do estudo
Conservação da Mata Atlântica é fundamental para proteger a espécie (Imagem: Mathias Mistretta Pires/Jornal da UNESP)

A equipe ainda destaca que a fragmentação provoca outros efeitos. O aumento de rodovias cortando áreas naturais, por exemplo, eleva o número de atropelamentos. A caça também representa uma ameaça significativa para a espécie.

Ainda de acordo com o estudo, uma estratégia de conservação é aproximar os fragmentos e restaurar as áreas degradadas entre eles. Essas conexões são essenciais por possibilitarem o chamado efeito de resgate, que ocorre quando uma população saudável pode sustentar outra em declínio. As informações são da Agência FAPESP.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.