Helios: entramos em uma nova era da computação quântica

Uma das novidades do projeto é a inclusão de uma espécie de “cruzamento” interno, que permite mover os quibts de forma organizada e confiável
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 06/11/2025 07h18
helios
Tecnologia permite que desenvolvedores programem um computador quântico de maneira semelhante aos computadores clássicos (Imagem: Quantinuum/Divulgação)
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A adoção da inteligência artificial quântica generativa por empresas está mais próxima de se tornar realidade com Helios, o computador quântico comercial de uso geral mais preciso do mundo, segundo a Quantinuum. A tecnologia permite que desenvolvedores programem um computador quântico de maneira semelhante aos computadores clássicos.

Isso é possível graças a uma nova linguagem de programação moderna baseada em Python, chamada Guppy. Com ela, é possível combinar recursos de computação híbrida — quântica e clássica — em um único programa. 

“Pela primeira vez, empresas podem acessar um computador quântico de uso geral altamente preciso para gerar impacto no mundo real, transformando a maneira como as indústrias inovam – da descoberta de medicamentos às finanças e aos materiais avançados”, disse o Dr. Rajeeb Hazra, Presidente e CEO da Quantinuum.

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Imagem real de 98 átomos individuais de bário (íons atômicos) usados ​​para computação dentro do Helios (Imagem: Quantinuum/Divulgação)

Na prática…

O Helios desbloqueia a capacidade de aprimorar modelos de IA com dados gerados por computação quântica, liberando assim o potencial da IA ​​em áreas como análise de dados, design de materiais e química quântica. Para acelerar o processo, a Quantinuum anunciou que vai expandir a parceria com a Nvidia para integrar o NVIDIA GB200 ao Helios por meio do NVIDIA NVQLink, permitindo aplicações em áreas específicas.

Nos últimos meses, Helio tem sido testado por empresas selecionadas com os seguintes propósitos: 

  • BMW Group: promover mobilidade sustentável por meio da pesquisa de materiais para catalisadores de células a combustível;
  • JPMorgan Chase: pesquisar possíveis capacidades para análises financeiras avançadas;
  • SoftBank Corp: explorar materiais orgânicos para baterias de última geração, interruptores ópticos e células solares;
  • Amgen: explorar o aprendizado híbrido quântico-computador para impulsionar a descoberta orientada por dados em produtos biológicos;
  • BlueQubit: promover o reconhecimento de imagem por IA usando dados de vídeo de condução do mundo real.
Logo da Nvidia em um smartphone, com uma placa-mãe atrás, cuja CPU leva os dizeres "AI"
Quantinuum anunciou que vai expandir a parceria com a Nvidia para liberar o potencial da IA quântica (Imagem: Mijansk786/Shutterstock)

A Quantinuum também anunciou a construção de um centro de P&D em Singapura para acelerar as aplicações comerciais da computação quântica nas áreas de biologia computacional e bioinformática, modelagem e otimização financeira, materiais avançados e química, e otimização combinatória. O projeto será realizado em parceria com o Escritório Nacional de Computação Quântica (NQO) e o Centro Nacional de Computação Quântica (NQCH) do país.

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Por dentro da máquina

O Helios funciona a partir de 98 quibts (unidades básicas de um computador quântico) conectados entre si, facilitando operações complexas. Segundo a Quantinuum, a máquina acerta quase 100% dos processos que faz, o que significa que comete muito menos erros do que computadores semelhantes. 

“Seria necessário coletar energia de todas as estrelas do universo para alimentar uma máquina clássica capaz de realizar os mesmos cálculos que fizemos com o Helios”, afirmou Anthony Ransford, arquiteto líder do projeto, acrescentando que o sistema usou a energia de um único rack de data center.

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Uma das novidades do projeto é a inclusão de uma espécie de “cruzamento” interno (Imagem: Quantinuum/Divulgação)

Uma das novidades do projeto é a inclusão de uma espécie de “cruzamento” interno, que permite mover os quibts de forma organizada e confiável. A estratégia é inédita em um produto comercial e ajuda a reduzir a estrutura de computadores quânticos, criando sistemas com centenas desses cruzamentos, como uma rede de ruas.

Além disso, a empresa substituiu qubits de itérbio (tipo de metal que faz parte das terras raras) por bário (tipo de metal que não existe puro na natureza). Além de reduzir a dependência de lasers ultravioleta, o bário aprimora a detecção e remoção de erros em nível atômico, melhorando o desempenho dos cálculos.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.