See Color: tecnologia brasileira permite identificar as cores com as mãos

O sistema de linguagem tátil foi criado como forma de inclusão de pessoas cegas ou com algum grau de deficiência visual
Alessandro Di Lorenzo06/11/2025 06h00
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Imagem: reprodução/Sandra Regina Marchi
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Qual é a importância das cores? Muitas vezes não paramos para pensar sobre isso, mas a verdade é que elas também são uma forma de comunicação importante, capaz de provocar emoções, criar associações e até influenciar comportamentos, sendo essencial no nosso dia a dia.

Isso também significa, no entanto, que pessoas cegas ou com algum grau de deficiência visual não conseguem ter acesso a todos estes benefícios citados. Foi por isso que uma pesquisadora brasileira criou o See Color, um sistema de linguagem tátil que permite identificar cores com as mãos.

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Braille pode ser de difícil aprendizado para quem perdeu a visão na vida adulta (Imagem: Vvoe/Shutterstock)

Alternativa ao sistema Braille

  • Em artigo publicado no The Conversation, Sandra Regina Marchi, doutora na área de Tecnologia Assistiva na Universidade Federal do Paraná (UFPR), lembra que mais de 6,5 milhões de brasileiros vivem com algum grau de deficiência visual.
  • Entre essas pessoas, cerca de 500 mil são cegas e outras seis milhões possuem baixa visão.
  • São milhões de indivíduos que enfrentam barreiras para acessar informações visuais que, para a maioria das pessoas, são automáticas e naturais, como reconhecer rostos, ler placas ou perceber cores.
  • Ela também destaca que, embora fundamental, o sistema Braille apresenta limitações, sendo especialmente de difícil aprendizado para quem perde a visão na vida adulta.

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Aprendizado da linguagem tátil das cores

Neste cenário, a pesquisadora se inspirou na Teoria das Cores e no relógio analógico para criar um raciocínio simples e de fácil memorização. Cada cor primária, secundária ou neutra é representada por um código baseado na posição dos ponteiros do relógio.

Por exemplo, a posição das “dez horas” representa o roxo; “seis horas”, o verde; “doze horas”, o vermelho. São oito posições ao todo. Além disso, pontos adicionais ao lado do eixo indicam tonalidades claras ou escuras, e um semicírculo ao redor do código representa cores metálicas. Com essas variações, quase 100 cores diferentes podem ser identificadas apenas com o tato.

Sandra Regina Marchi, doutora na área de Tecnologia Assistiva na UFPR
É possível comprar um kit de aprendizado do sistema de linguagem tátil (Imagem: reprodução/See Color)

Para que o novo método, patenteado pela UFPR, chegasse, de fato, às mãos das pessoas, a pesquisadora desenvolveu também kits pedagógicos. Eles são voltados tanto para crianças quanto adultos com deficiência visual, assim como para educadores, instituições e interessados em geral. O objetivo é facilitar o aprendizado da linguagem tátil das cores.

O material foi pensado para ser lúdico e acessível. Além de ensinar o código, apresenta os conceitos fundamentais da Teoria das Cores, promovendo autonomia e aprendizado prático. Os testes realizados em escolas revelaram mais do que a eficácia do método, mostraram o entusiasmo dos alunos. Em uma das turmas, os próprios estudantes se organizaram em grupos, vendaram os olhos e se desafiaram a identificar as cores pelo tato. O engajamento foi tão grande que ninguém queria que a aula acabasse.

Sandra Regina Marchi, doutora na área de Tecnologia Assistiva na UFPR
Sistema é uma alternativa para pessoas com problemas de visão (Imagem: goffkein.pro/Shutterstock)

Apesar do grande potencial, o projeto ainda enfrenta alguns desafios. Para ampliar o alcance da iniciativa e viabilizar sua inserção em políticas públicas, um dos próximos passos é a criação de um instituto voltado exclusivamente ao See Color. A proposta é consolidar uma estrutura capaz de firmar parcerias, captar recursos e formar voluntários, garantindo a continuidade e a expansão do projeto.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

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