Tesla: acionistas aprovam remuneração trilionária para Musk

Bilionário passará a receber a maior quantia já paga a um líder corporativo
Rodrigo Mozelli06/11/2025 19h18, atualizada em 06/11/2025 20h29
Foto de Elon Musk acima do logo da Tesla
Empresário ameaçou deixar o cargo caso o reajuste não fosse aprovado (Imagem: miss.cabul/Shutterstock)
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No início da noite desta quinta-feira (6), os acionistas da Tesla aprovaram o megapacote de remuneração de seu CEO e fundador, Elon Musk. O bilionário passará a receber a bagatela de US$ 1 trilhão (R$ 5,3 trilhões, na conversão direta). A quantia é a maior já paga a um líder corporativo.

A votação foi realizada durante assembleia anual da montadora, representando uma vitória para o executivo, que chegou a ameaçar deixar a companhia caso o pacote não fosse aprovado.

Logo da Tesla com um martelo de juiz à frente
Segundo a empresa, mais de 70% dos acionistas foram favoráveis ao pacote de remuneração (Imagem: Potashev Aleksandr/Shutterstock)

Foram semanas a fio angariando apoio do conselho de administração, de grandes investidores varejistas e outras áreas. O resultado mostra o apoio a Musk rumo à transformação da empresa em uma gigante de inteligência artificial (IA) e robótica, não somente de veículos elétricos.

Nas últimas semanas, a presidente da Tesla, Robin Denholm, fez diversas declarações apoiando o pacote de remuneração. Segundo ela, “sem Musk, a empresa pode perder um valor significativo”.

Resultado da votação da remuneração de Musk

  • A remuneração foi aprovada por 75% dos acionistas, segundo Brandon Erhart, conselheiro geral da Tesla, na assembleia;
  • Contudo, o pacote generoso só será pago integralmente caso Musk faça a empresa elevar seu valor de mercado de US$ 1,1 trilhão (R$ 5,8 trilhões) para US$ 8,5 trilhões (R$ 45,4 trilhões);
  • Se conquistada, essa façanha fará a montadora ser mais valorizada que Meta, Microsoft e Alphabet (Google) juntas;
  • Outras metas que ele deverá alcançar envolvem colocar um milhão de robotáxis para rodar comercialmente, vender 20 milhões de elétricos e entregar um milhão de robôs humanoides em dez anos.

O plano também inclui dez milhões de assinaturas do sistema de direção autônoma Full Self-Driving (FSD), considerado um dos pilares da estratégia tecnológica da empresa.

O pacote é dividido em 12 etapas de compensação, atreladas ao desempenho da empresa. Segundo o conselho, esse formato é uma forma de garantir que o pagamento só ocorra mediante resultados concretos e manter o executivo motivado a longo prazo.

Colossus 2: o ambicioso projeto de Elon Musk no sul dos EUA
Musk fez grande campanha para receber remuneração polpuda (Imagem: Photo Agency/Shutterstock)

O plano também aumentaria o poder de voto de Musk na empresa, atendendo às demandas que ele vem fazendo publicamente desde o início de 2024. Caso todas as metas sejam alcançadas, a participação acionária do executivo subiria de cerca de 13% para 25%, com a adição de mais de 423 milhões de ações ao seu portfólio.

A primeira parcela será liberada quando a Tesla alcançar capitalização de mercado de US$ 2 trilhões (R$ 10,7 trilhões). Atualmente, a empresa está avaliada em cerca de US$ 1,54 trilhão (R$ 8,2 trilhões). As nove parcelas seguintes seriam concedidas a cada novo aumento de US$ 500 bilhões (R$ 2,6 trilhões) no valor de mercado da companhia, até o limite de US$ 6,5 trilhões (R$ 34,7 trilhões).

As duas últimas parcelas seriam pagas se o valor da Tesla crescesse em incrementos de US$ 1 trilhão (R$ 5,3 trilhões), exigindo que a empresa atingisse US$ 8,5 trilhões (R$ 45,4 trilhões) para que Musk recebesse o pacote completo.

Mesmo sem cumprir todas as metas, Musk ainda poderia garantir ganhos bilionários. De acordo com o plano, ele poderia arrecadar mais de US$ 50 bilhões (R$ 267,5 bilhões) ao atingir apenas algumas das metas consideradas mais alcançáveis pelo conselho da Tesla.

O pacote também inclui uma cláusula com uma lista de “eventos cobertos”, que permitiriam a Musk receber parte das ações sem a necessidade de cumprir todos os marcos operacionais.

Esses eventos incluem desastres naturais, guerras, pandemias e mudanças em “leis, regulamentos ou outras ações ou omissões governamentais internacionais, federais, estaduais e locais” que possam afetar a capacidade da empresa de projetar, fabricar ou vender seus produtos no futuro.

Para Denholm, o plano reflete “a escala da visão de Musk”. E reconhece seu papel central na transformação da companhia numa líder de robótica e IA.

Montagem com fotos do robô humanoide Optimus e do robotáxi Cybercab, ambos da Tesla
Empresário vai conquistar os trilhões de dólares caso atinja metas que envolvem robôs humanoides e robotáxis (Imagem: Divulgação/Tesla)

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Nem todos apoiam

Como foi possível notar na porcentagem de votos, nem todos os acionistas estavam favoráveis à quantia. Um exemplo é o fundo soberano da Noruega, que tem mais de US$ 2 trilhões (R$ 10,7 trilhões) em ativos da Tesla, declarou, na terça-feira (4), que votou contra, questionando a magnitude e riscos em potencial.

Críticos, porém, afirmam que o plano vai muito além de um bônus por desempenho. Consultorias, como Glass Lewis e ISS Stoxx, recomendaram que investidores rejeitassem a proposta, alegando que o pacote poderia ser parcialmente concedido mesmo que metas operacionais não fossem cumpridas. Além disso, destacaram que o conselho da Tesla é composto por amigos e familiares de Musk, o que levantaria dúvidas sobre a independência das decisões.

Manifestantes planejavam um protesto do lado de fora da fábrica da Tesla em Austin, no Texas (EUA), onde ocorreu a reunião dos acionistas. Segundo eles, um trilhão de dólares é demais para qualquer pessoa em qualquer circunstância.

Hoje, Musk tem fortuna avaliada em US$ 504 bilhões (R$ 2,6 trilhões), de acordo com a Forbes. Caso receba a quantia integralmente, o empresário será o primeiro a alcançar os trilhões de dólares.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.