A Nexperia, fabricante de semicondutores, voltou a exportar chips após aval da China, segundo fontes da Bloomberg. Isso deve fazer com que o governo holandês deixe o controle da fabricante no país.
A confusão começou no mês passado, quando a empresa passou a ser controlada pelo governo da Holanda. A justificativa dada foi de que a medida foi necessária para “garantir que um suprimento suficiente de seus chips permaneça disponível na Europa“.

Desdobramentos do controle holandês sobre a Nexperia
- O governo local deve, em breve, arquivar a medida que permitia que alterasse decisões corporativas importantes;
- Isso soluciona o conflito que poderia causar a interrupção da produção automotiva mundial;
- Hoje, a chinesa responde por cerca de 40% de todo o mercado mundial, que fornece esses chips para os veículos flex;
- Assim que a Holanda interveio na Nexperia, a China suspendeu as exportações de semicondutores nas fábricas que se encontram no país asiático;
- As tensões começaram a arrefecer no fim de outubro, quando China e Estados Unidos fecharam um acordo comercial, trazendo boas possibilidades para uma possível normalização da produção e do comércio global do setor.
Várias montadoras alegam que os chips voltaram a ser embarcados com base nas unidades da empresa na China. Segundo o CEO da Aumovio SE (fornecedora de peças para Volkswagen, Stellantis e BMW), Philipp Von Hirschheydt, a companhia despachou semicondutores na Nexperia e seus respectivos componentes.
Ele também afirmou que soube que o Ministério do Comércio chinês suspendeu o embargo mais amplo às exportações da fabricante nesta sexta-feira (7). “Levará algum tempo até que todos os procedimentos e processos voltem ao normal”, disse.
Há chance de interrupções entre quatro e seis semanas, mas, “se tudo o que sei hoje estiver correto, não seremos afetados“. Assim, as ações da controladora da Nexperia, a Wingtech, dispararam minutos antes do fim do pregão chinês e tiveram alta de quase 10%.
As ações de montadoras também tiveram aumento após a notícia, com as da Volkswagen chegando a 2,7% em Frankfurt (Alemanha), as da BMW a até 2,5%, bem como as de Mercedes-Benz e Stellantis.
A Honda, por sua vez, disse que espera reativar a produção na semana de 21 de novembro, afirmou o vice-presidente executivo Noriya Kaihara nesta sexta-feira (7).
Quem também voltou a receber os chips é a Robert Bosch, uma das maiores fornecedoras de autopeças do mundo, disseram fontes da Bloomberg. Um porta-voz da empresa, porém, não quis comentar o assunto.
Até a manhã desta sexta-feira (7), a companhia ainda sofria com interrupções temporárias em sua produção em várias de suas fábricas que produzem eletrônicos automotivos.

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Apesar disso, ainda não se sabe como será o futuro. A ZF Friedrichshafen, fornecedora alemã, se prepara para, talvez, ter que interromper sua produção, acarretando suspensões temporárias de funcionários preventivamente, afirmou uma porta-voz.
“Não está claro em que medida e em que velocidade as entregas da China poderão ser retomadas. A situação permanece muito tensa em todo o setor”, explicou.
Na noite de quinta-feira (6), o governo holandês declarou que espera que a Nexperia instalada na China retome o fornecimento dos chips nos próximos dias, contrastando com a rigidez com a qual estava usando para lidar com o tema.
O ministro da Economia holandês, Vincent Karremans, que determinou a intervenção na Nexperia, mudou o tom. “Dada a natureza construtiva de nossas conversas com as autoridades chinesas, a Holanda confia que o fornecimento de chips da China para a Europa e o resto do mundo chegará aos clientes da Nexperia nos próximos dias“, afirmou.

Em setembro, vale lembrar, ele acionou uma lei da época da Guerra Fria (Lei de Disponibilidade de Bens) para que a Holanda pudesse ter controle sobre as decisões da fabricante de semicondutores.