Corrida da IA: China aposta em chips nacionais e energia barata

Disputa com os EUA exige uma grande quantidade de chips e de energia para o desenvolvimento de modelos de IA altamente avançados
Alessandro Di Lorenzo08/11/2025 07h00
Bandeira da China ao fundo com os dizeres
Enquanto os EUA foca na criação, a China estimula o uso prático da tecnologia (Imagem: Pixels Hunter/Shutterstock)
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Nos últimos dias, o CEO da NvidiaJensen Huang, afirmou que os chineses venceriam os Estados Unidos na corrida pela inteligência artificial. Logo depois, ele acabou suavizando o discurso, mas este tem sido um assunto sensível para ambos os lados.

As duas principais potências econômicas do mundo estão travando uma verdadeira disputa pela hegemonia tecnológica global. Isso exige uma grande quantidade de chips e de energia para o desenvolvimento de modelos de IA altamente avançados.

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Huawei tem conquistado um espaço antes dominado pela Nvidia no país (Imagem: Tada Images/Shutterstock)

Sistema da Huawei é alternativa

  • Um dos problemas enfrentados pela China é a dependência estrangeira.
  • A Casa Branca tentou usar justamente essa realidade como uma arma para impedir o avanço tecnológico do rival, impondo uma série de proibições de compra de dispositivos.
  • A reação de Pequim foi investir na indústria doméstica de chips semicondutores.
  • E os resultados já começaram a aparecer.
  • A gigante Huawei tem preenchido o espaço antes dominado pela Nvidia, permitindo que os chineses continuem na corrida pela IA.
  • Um dos produtos que têm permitido este movimento é o Huawei CloudMatrix 384, que conecta 384 de seus chips Ascend 910C para oferecer uma alternativa ao rival GB200 NVL72, da Nvidia.

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Pequim tem incentivado o uso de chips domésticos em data centers (Imagem: Oselote/iStock)

A vantagem energética da China

Segundo reportagem da CNBC, a aposta na Huawei, em virtude da necessidade do uso de mais chips para igualar o desempenho da Nvidia, significa também um consumo de energia significativamente maior. E é aí que entra a vantagem energética da China sobre os EUA.

Soluções como o CloudMatrix são menos eficientes em termos de energia do que os sistemas da Nvidia, mas aqui a China se beneficia de sua abundância de energia barata. A China fez investimentos maciços em energia verde, incluindo solar, eólica e muito mais. Também vem expandindo rapidamente sua infraestrutura de energia nuclear. Portanto, pode contar com energia barata ao construir uma infraestrutura de IA.

Wendy Chang, analista sênior do Instituto Mercator de Estudos da China (MERICS)
Com novos investimentos, China domina produção e tecnologia em energia eólica
China domina produção e tecnologia em energia eólica (Imagem: ABCDstock/Shutterstock)

Para fomentar o crescimento do setor, as autoridades chinesas estão oferecendo subsídios que reduzem as contas de eletricidade dos data centers que usam chips domésticos. Essa também é uma forma de impulsionar a indústria doméstica. Basta saber por quanto tempo Pequim conseguirá sustentar essa, até agora, eficiente estratégia.

Aceleradores de processos menos avançados consomem mais energia, mas a China está compensando isso com diversas fontes de energia – opções nucleares e renováveis como a solar – juntamente com baixos aluguéis e financiamento, permitindo financiar e executar clusters de grande escala, apesar das ineficiências no nível do chip.

Brady Wang, diretor associado da Counterpoint Research
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.