Impressora diferentona faz tricô 3D com fios comuns

Cientistas da Universidade Cornell criam uma máquina que tricota objetos em 3D, com potencial para produzir ligamentos e veias artificiais
Por Valdir Antonelli, editado por Vitoria Lopes Gomez 09/11/2025 20h00
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Objeto tricotado em 3D (Imagem: Divulgação/Universidade Cornell)
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Impressoras 3D que se cuidem: a Universidade Cornell apresentou uma inovação que promete mudar o jogo. Pesquisadores criaram uma máquina capaz de tricotar objetos sólidos em 3D usando fios convencionais, unindo tecnologia e artesanato em um único processo.

Composto por uma base de agulhas de tricô dispostas em um bloco de 6 x 6, a máquina pode servir de suporte para a criação de ligamentos ou veias artificiais.
Composto por uma base de agulhas de tricô dispostas em um bloco de 6 x 6, a máquina pode servir de suporte para a criação de ligamentos ou veias artificiais (Imagem: Divulgação/Universidade Cornell)

Como funciona a máquina que tricota objetos

O protótipo, desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Cornell, é composto por uma base de agulhas de tricô dispostas em um bloco de 6 x 6, com uma cabeça motorizada que distribui o fio de forma automatizada. Todo o sistema é controlado por um programa de computador, que define o padrão de pontos e o percurso de cada agulha.

Cada uma dessas agulhas possui ganchos duplos simétricos, impressos em 3D e conectados a tubos de latão. Como as seções frontal e traseira se movem de forma independente, o dispositivo consegue alternar entre diferentes tipos de pontos, reproduzindo o comportamento do tricô manual.

Estabelecemos que não só é possível, como, devido à forma como prendemos o ponto, teremos acesso a muita flexibilidade no controle do material. A expressividade é muito semelhante à de uma impressora 3D.

François Guimbretière, professor e líder do projeto, em comunicado
O cientista-chefe, Prof. François Guimbretière (à esquerda), e o aluno colaborador Victor Guimbretière, com a máquina de tricô 3D da Universidade Cornell (Imagem: Divulgação/Universidade Cornell)

Futuro é promissor

Por enquanto, a máquina ainda é lenta e comete pequenos erros, como a queda de laçadas. Ela também está restrita a objetos simples, como aquecedores de pulso, pirâmides e caixas. Mesmo assim, o time de pesquisa acredita que a tecnologia deve evoluir rapidamente com a adição de mais agulhas e melhorias no controle automatizado.

Entre as possíveis aplicações futuras, os cientistas destacam o uso da técnica para criar estruturas tridimensionais semelhantes a andaimes, que podem servir de suporte para o crescimento de ligamentos ou veias artificiais.

Os principais benefícios da abordagem são:

  • Permite controlar com precisão a espessura e a rigidez do material;
  • Usa fios comuns, reduzindo custos;
  • Gera peças flexíveis e resistentes;
  • Amplia o campo de uso da fabricação 3D, indo além do plástico e do metal.
Máquina ainda comete pequenos erros, mas está avançando (Imagem: Universidade Cornell/Reprodução)

A revolução do tricô 3D

A Cornell não está sozinha nesse avanço. A Universidade Carnegie Mellon, que colaborou com a pesquisa, já havia desenvolvido softwares capazes de transformar máquinas de tricô tradicionais em impressoras 3D têxteis, além de protótipos de móveis tricotados por robôs que mudam de forma com um único puxão.

Leia mais:

O estudo foi apresentado em setembro de 2025 no Simpósio da ACM sobre Software e Tecnologia de Interface de Usuário, em Busan, na Coreia do Sul, demonstrando o crescente interesse da comunidade científica por métodos alternativos de fabricação digital.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.