A China avisou as montadoras brasileiras que vai retomar o envio de chips para a fabricação de carros por aqui. A informação foi repassada por representantes do governo chinês na sexta-feira (7) e confirmada pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet.
A disputa comercial entre China e Holanda envolvendo a fabricante de semicondutores Nexperia acendeu um alerta no setor automotivo mundial e deixou as montadoras preocupadas, com risco de paralisar a produção por falta de material.

China volta a enviar chips para o Brasil
Segundo Calvet, representantes chineses avisaram as montadoras brasileiras de que a autorização para importar semicondutores está sendo retomada aos poucos.
Os chips são essenciais nas tecnologias dos carros, desde os freios ABS e airbags até injeção eletrônica, controle de motor e sensores. Sem eles, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção. A Anfavea já havia revelado que um único veículo moderno usa, em média, de 1 mil a 3 mil chips.
De acordo com Calvet, diante da liberação, o risco de paralisação das montadoras diminui. À coluna da jornalista Daniela Lima, no Uol, ele destacou dois fatores para isso: a liberação da China para a importação por empresas que operam no Brasil e têm fábrica em solo chinês, e uma licença especial concedida na semana passada pelos chineses às empresas brasileiras com dificuldades de importar chips.
A iniciativa aconteceu após diálogo entre o vice-presidente e ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, com a Embaixada da China no Brasil.

Situação melhorou, mas não voltou ao normal
O presidente da Anfavea ainda afirmou que a situação melhorou, mas não foi normalizada por completo. Diante de uma nova interrupção no fornecimento de chips por parte da China, as montadoras brasileiras podem voltar a sofrer.
Quando o problema começou, no final de outubro (mais detalhes abaixo), a Anfavea já havia alertado o governo brasileiro para o risco de escassez dos semicondutores e da paralisação na produção.
Na ocasião, a associação pediu que as autoridades tomassem medidas para impedir o desabastecimento dos componentes eletrônicos, o que motivou a reação de Alckmin junto à Embaixada.

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Risco de paralisação começou com a Nexperia
- O risco de paralisação começou com uma briga envolvendo a fabricante de semicondutores holandesa Nexperia, que é controlada por uma empresa chinesa;
- No final de outubro, o governo da Holanda interveio na Nexperia, alegando “razões de segurança econômica”. Autoridades temiam que a produção de semicondutores fosse transferida para a China;
- A medida trouxe retaliação chinesa: Pequim suspendeu temporariamente as exportações de chips, o que paralisou parte da cadeia global de fornecimento;
- A decisão pegou o setor automotivo de surpresa, levantando a possibilidade de escassez de semicondutores. O Brasil também precisou se preocupar, já que a Nexperia é a principal fornecedora dos chips usados em carros flex produzidos por aqui.
No entanto, no final da semana passada, a Nexperia voltou a exportar chips saindo da China e a Holanda estuda a possibilidade de suspender a intervenção na empresa. Confira os detalhes aqui.