Fernando de Noronha pode se tornar ilha pioneira em energia limpa

Usina solar vai substituir térmica que consome 8,6 milhões de litros de óleo diesel por ano para gerar energia no arquipélago
Bruna Barone10/11/2025 06h35
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Nova usina solar entrará em operação integral a partir de 2027 (Imagem: Reuber Duarte/iStock)
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A matriz energética de Fernando de Noronha está prestes a passar por uma grande mudança. O arquipélago vai ganhar uma usina solar para reduzir a dependência de óleo diesel usado para geração de energia na térmica Tubarão. A primeira fase estará operacional em abril de 2026 e a segunda em 2027.

O lançamento do projeto Noronha Verde faz parte da agenda do Brasil para a COP30, realizada nesta semana em Belém, no Pará. E mostra o compromisso do país com a descarbonização e a segurança energética em territórios sensíveis e de alta relevância ambiental, diz o governo. Se concluído, o projeto tornará Noronha a primeira ilha oceânica habitada da América Latina com geração 100% limpa. 

“Hoje, o Brasil inicia o processo de desligamento de uma térmica que consome 8,6 milhões de litros de óleo diesel por ano. Isso é uma mudança de paradigma: aquilo que durante tanto tempo castigou parte do Nordeste, o sol forte, hoje é uma grande fonte de energia para o nosso país. E com a entrada das baterias, nós passamos a ter capacidade real de armazenamento”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

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Lançamento do projeto Noronha Verde faz parte da agenda do Brasil para a COP30 (Imagem: Reuber Duarte/iStock)

“Vamos, literalmente, poder ‘estocar o vento’ das nossas eólicas e prolongar o tempo do sol, porque a energia que ele gera durante o dia poderá ser armazenada e utilizada depois. É assim que garantimos segurança ao nosso sistema. Avançar nas renováveis é essencial, mas precisamos avançar com segurança energética”, acrescentou.

A iniciativa

O projeto prevê a construção de uma usina solar fotovoltaica integrada a um sistema de armazenamento em baterias (BESS) de 49 MWh. A solução permitirá reduzir de forma progressiva a dependência atual da ilha do uso de diesel para geração de energia, o que, segundo o governo, garante estabilidade, eficiência e proteção ambiental.

No total, 30 mil painéis solares fotovoltaicos com capacidade de 22 MWp serão instalados por 24,63 hectares, o que equivale a 1,5% da área de Fernando de Noronha. As regiões foram cedidas pela Aeronáutica e pelo governo de Pernambuco, que é responsável pela administração da ilha. 

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30 mil painéis solares fotovoltaicos serão instalados em uma área de 24,63 hectares (Imagem: Teerapong Kunkaeo/iStock)

Todo o sistema estará conectado à primeira usina solar flutuante do arquipélago, localizada no reservatório de Xaréu, com potência de 622 kWp e geração estimada de 1.083 MWh por ano. A instalação evitará a emissão de 717 toneladas de CO₂.

A implantação completa poderá evitar, por ano, o consumo de cerca de 8,6 milhões de litros de óleo diesel. A redução da logística de abastecimento e da queima do combustível contribui diretamente para a diminuição de emissões de CO₂ e reduz os custos hoje cobertos pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) — o que significa alívio para encargos do setor elétrico nacional.

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Quem está envolvido?

Com investimento estimado de R$ 350 milhões, o projeto Noronha Verde foi lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e o grupo Neoenergia, que atua com geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia em 18 estados e o Distrito Federal. O governo de Pernambuco é parceiro da iniciativa.

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Usina solar fotovoltaica ficará integrada a um sistema de armazenamento em baterias (Imagem: AlexandreFagundes/iStock)

O projeto foi desenvolvido pelo grupo espanhol Iberdrola, do qual a Neoenergia é subsidiária, como parte de um plano da empresa de impulsionar a eletrificação com energias limpas e avançar na descarbonização. O grupo pretende investir mais de 7 bilhões de euros no Brasil nos próximos cinco anos.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.