A conta de luz dos brasileiros pode passar por uma grande transformação a partir de 2026. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) estuda um novo modelo tarifário que ajusta o preço da energia conforme o horário de consumo. A proposta busca incentivar o uso da eletricidade nos períodos de menor demanda, quando há maior disponibilidade de geração solar e eólica, e reduzir o uso nos horários de pico, geralmente no início da noite. As informações são do UOL.
Atualmente, o valor pago na conta de luz é fixo, independentemente do momento em que a energia é consumida. O novo modelo, conhecido como tarifa branca ou tarifa horária, já existe desde 2018, mas é opcional e pouco conhecido pela população. Agora, a Aneel pretende torná-lo o padrão para cerca de 2,5 milhões de consumidores de baixa tensão — o equivalente a um quarto do consumo total nesse grupo.

Como funcionará a nova tarifa da conta de luz
A proposta prevê a cobrança diferenciada conforme três faixas de horário:
- Horário de ponta: mais caro, entre 18h e 21h, quando o consumo é maior e usinas térmicas precisam ser acionadas;
- Horário intermediário: preço moderado, nas horas próximas do pico;
- Fora de ponta: tarifa mais barata, durante a madrugada e boa parte do dia, quando há sobra de energia solar e eólica.
De acordo com a Aneel, cerca de 85% das horas da semana são classificadas como “fora de ponta”. Isso significa que, ao adaptar o uso de equipamentos elétricos — como fornos, bombas d’água ou compressores — para esses horários, comércios, indústrias e residências de grande porte poderão reduzir a conta de luz em até 15%.

Medidores inteligentes e benefícios para o sistema elétrico
Para que o novo modelo funcione, será necessária a instalação de medidores inteligentes, capazes de registrar o consumo hora a hora. As distribuidoras serão responsáveis pela substituição dos aparelhos, e o custo será reconhecido como investimento, sem cobrança direta ao consumidor.
Além de permitir economia individual, a mudança trará benefícios para todo o sistema elétrico. Ao reduzir o consumo nos horários de maior demanda, diminui-se a necessidade de acionar usinas térmicas, o que reduz o custo operacional e ajuda a conter aumentos futuros nas tarifas.
A proposta também acompanha a nova realidade da matriz energética brasileira, marcada pelo avanço das fontes solar e eólica, que geram mais energia durante o dia e menos à noite. Segundo a Aneel, o novo formato de cobrança tornará o sistema mais eficiente e permitirá que o consumidor compreenda melhor o valor real da energia em cada momento.

Consulta pública e possíveis mudanças no nome
A iniciativa ainda será submetida à consulta pública antes da aprovação final. Se aprovada, começará a valer em 2026. A Aneel também estuda renomear o modelo — hoje chamado de “tarifa branca” — para termos mais intuitivos, como “tarifa hora certa” ou “tarifa inteligente”.
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Além disso, a agência avalia outras formas de modernização do setor elétrico, incluindo a futura abertura do mercado de energia, que permitirá que qualquer consumidor escolha de quem comprar eletricidade e negocie preços e benefícios, como já ocorre no setor de telefonia.