Nubank demitiu funcionários por discordarem do trabalho híbrido? Entenda o que aconteceu

Anúncio de volta do trabalho híbrido gerou discordância de alguns funcionários do Nubank. Entenda o caso e veja o que dizem as partes
Por Matheus Chaves, editado por Bruno Capozzi 10/11/2025 17h08, atualizada em 10/11/2025 17h47
Aplicativo do Nubank
Aplicativo do Nubank e ao fundo a empresa - Imagem: QubixStudio / Shutterstock.com
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Na quinta-feira (6), o Nubank fez uma reunião com seus funcionários, comunicando que, a partir do próximo ano, irá encerrar o modelo de trabalho 100% remoto, prevendo dois dias presenciais por semana até 1º de julho de 2026 e três dias até 1º de janeiro de 2027. O anúncio gerou revolta por parte de alguns empregados e, um dia depois, 12 trabalhadores foram demitidos. 

O Nubank argumenta que a discordância não é o motivo da demissão – mas, sim, a conduta desses ex-colaboradores, que teriam passado do tom.

O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região afirma que a reunião foi chamada de “coffee break”, teve a participação do CEO David Vélez e reuniu cerca de 7 mil dos 9,5 mil empregados da fintech e aconteceu sem um aviso prévio ao órgão. Segundo o sindicato, algumas denúncias apontam que os desligamentos aconteceram por conta da manifestação de alguns empregados que ficaram insatisfeitos com as mudanças.

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O que diz o comunicado do sindicato?

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Sindicato questiona decisão do Nubank ao demitir funcionários. (Imagem: Nubank / Divulgação)

A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, afirma que procurou a direção do Nubank para esclarecimentos e abertura de negociação sobre a suspensão dessas demissões. “Os trabalhadores foram convidados a se manifestar em uma reunião e depois são punidos com demissão? Queremos esclarecimentos”.

O órgão também diz que entrou em contato com os funcionários que foram demitidos, e que as versões das pessoas e da empresa são divergentes.

O sindicato cobra que não haja retaliação contra quem se manifestou na reunião. Também pede que o Nubank seja transparente em relação aos critérios utilizados para dispensar as 12 pessoas no dia seguinte ao encontro.

Nos próximos dias, a entidade deseja realizar uma reunião virtual para esclarecer os fatos ocorridos e entender o que realmente motivou o corte.

Postagem da presidenta do sindicato no LinkedIn

Logomarca do Nubank em smartphone
Logomarca do Nubank em smartphone – Imagem: Miguel Lagoa/Shutterstock

Neiva também se pronunciou por meio do LinkedIn, solicitando uma reunião urgente com a direção do Nubank para discutir a demissão dos 12 trabalhadores. 

Na publicação, que já conta com mais de 1.200 reações e 107 comentários, um ex-funcionário da companhia, Rafael Calsaverini, que trabalhou por 5 anos na empresa, afirmou que a fintech “cultivou por anos a ideia de que confrontar a gestão da empresa é perfeitamente válido”. Depois, ele perguntou por que “agora essa regra, que se manteve por mais de uma década, se tornou inválida sem justificativa. É absurdo cultivar essa expectativa e depois puxar o tapete debaixo do pé das pessoas”.

Segundo Calsaverini, as mensagens que fizeram as pessoas serem demitidas foram “meros comentários irônicos pontuais que não são justificativa para justa causa. Garanto que, em 5 anos, vi mensagens bem mais agressivas e injuriosas que não resultaram em demissões”.

Ele ainda marcou o CEO do Nubank, David Vélez, no comentário, dizendo que já mandou mensagens mais duras a ele em canais públicos do Nubank e tudo foi resolvido por meio de diálogo e “não nesse tipo de medida reativa irracional”.

Em resposta, Vélez comentou dizendo que Calsaverini tem pouca informação sobre o ocorrido. “Você não faz ideia do tipo de linguagem e comportamento dessas pessoas. Confundiram um canal corporativo com rede social ou arquibancada de estádio. Você não aceitaria esse comportamento na sua própria casa”, disse o CEO.

O Nubank diz que “trabalha para preservar canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito e violações de conduta”. Afirmou, ainda, que “não comenta casos individuais de desligamento”.

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.