Água pode ser criada internamente na formação dos planetas

Descoberta pode ser importante para a maneira como é buscada a existência de vida em outros lugares no universo
Por Matheus Chaves, editado por Lucas Soares 12/11/2025 16h53
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Foto ilusra a quantidade de água presente no planeta Terra - Crédito: Kitnha/Shutterstock
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Há muitos anos os cientistas vêm tentando descobrir qual é a origem da água na Terra. Existe uma teoria que aponta que ela foi transportada para o planeta por meio de cometas e asteroides depois que o mundo foi formado. Outra hipótese é a de que as matérias-primas que compõem a Terra são as verdadeiras responsáveis pela criação da água. Essa segunda teoria, até então, não havia sido testada em condições laboratoriais realistas.

No dia 30 de outubro deste ano, um estudo publicado na revista Nature trouxe novas descobertas importantes sobre a origem da água nos planetas. 

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Água pode ser formada naturalmente

No estudo, cientistas realizaram uma série de experimentos de alta pressão e alta temperatura com o intuito de simular os primórdios incandescentes de um planeta jovem.

Água em detalhe
Com a existência de água em outros planetas, é possível haver vida (Imagem: M O H/Shuuterstock)

Os especialistas recriaram o ambiente extremo no qual a rocha derretida e o gás hidrogênio tiveram uma interação. Dessa forma, foi possível chegar à conclusão de que a água líquida pode se formar naturalmente, mesmo enquanto o planeta ainda está em sua fase inicial de formação.

Em um comunicado emitido à imprensa, um dos líderes do estudo, Anat Shahar, cientista da Carnegie Institution for Science, em Washington, D.C., disse que a descoberta “representa um grande passo em frente na forma como pensamos sobre a busca por mundos distantes capazes de abrigar vida”.

O experimento

Na Via Láctea, a galáxia na qual se encontra a Terra, existem mais de 6.000 exoplanetas, ou seja, planetas que orbitam estrelas fora do Sistema Solar. Entre eles, os mais comuns são os de tamanho maior em relação ao nosso planeta, mas menores do que o Netuno, sendo chamados de sub-Netunos. 

Planetas sub-Netunos inchados estão em maior ressonância em seus sistemas. Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

Mesmo não existindo nenhum planeta desse tipo em nosso sistema solar, os cientistas acreditam que eles têm interiores rochosos envoltos de uma atmosfera densa e rica em hidrogênio, a combinação perfeita para saber como a água pode se formar no início de uma evolução planetária.

Diante disso, Shahar e sua equipe trabalharam na construção de uma versão em miniatura de um sub-Netuno em laboratório, utilizando um dispositivo chamado célula de bigorna de diamante. 

Os especialistas realizaram a compressão das amostras de rocha fundida rica em ferro a quase 600 mil vezes a pressão atmosférica da Terra, entre as pontas de dois diamantes. Então, as aqueceram a uma temperatura superior a 4.000º C, algo parecido com o que pode ser encontrado nas profundezas de um planeta em fusão.

De acordo com os cientistas, esse experimento proporcionou um cenário parecido com o de uma etapa fundamental na formação de planetas, trazendo o momento no qual mundos recém-formados orbitando estrelas jovens contêm grossas camadas de gás hidrogênio, que tem uma ação de “cobertor térmico”, retendo o calor e mantendo oceanos de magma em estado líquido por até bilhões de anos, período em que o gás e a rocha derretida podem interagir.

Magma
Foto ilustrativa com uma pequena quantidade de magma – Imagem: Rene Holtslag/Shutterstock

Assim, o hidrogênio se dissolve na rocha derretida e reage com óxidos de ferro, gerando a água. Isso mostra como o líquido pode ter origem nos próprios planetas, sem necessariamente depender de asteroides ou outros fatores externos.

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.