Carlos Nobre: COP30 precisa fazer mais do que as anteriores para salvar o planeta

Para o renomado climatologista, metas das COPs passadas se mostraram insuficientes e o mundo caminha para ultrapassar o limite de 1,5°C
Lucas Soares12/11/2025 17h13
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A COP30 acabou de começar e, até seu encerramento, no próximo dia 21, muita coisa vai rolar, mas quais metas precisam ser estabelecidas para que o evento gere resultados práticos no combate às mudanças climáticas? De acordo com um dos mais respeitados cientistas climáticos do mundo, em entrevista ao Olhar Digital News, serão necessários compromissos mais ambiciosos do que os acordados nas edições anteriores da conferência.

O climatologista Carlos Nobre alerta que a principal meta do Acordo de Paris – limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais – não será alcançada.

Estamos muito perto de atingir o aquecimento global de 1,5 graus. 2025 será o segundo ano mais quente do registro histórico. Estamos muito perto; no máximo em 5 a 10 anos, atingiremos essa marca permanentemente

Carlos Nobre

Por isso, segundo ele, esta COP pode ser uma das últimas oportunidades para os governos estabelecerem compromissos mais concretos a fim de controlar esse aumento. “Se mantivermos apenas os compromissos das COPs anteriores, que é zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa apenas em 2050, nós vamos chegar a 2 graus, talvez 2,5”, declarou.

“Esta COP tem que avançar nessa linha. Vamos torcer para que os países concordem com isso. Sem dúvida, a COP 30 tem de ser muito importante”, completou.

Carlos Nobre
Carlos Nobre (Imagem: Olhar Digital)

Preparo para eventos climáticos extremos precisa estar na pauta

Com o aumento da temperatura global, os eventos climáticos extremos – que já vêm se tornando mais frequentes – devem se intensificar. Nobre ressalta que as nações precisam se preparar para enfrentar esse cenário em conjunto, auxiliando os países menos desenvolvidos.

O cientista citou eventos recentes para ilustrar sua preocupação: “Vimos ondas de calor, secas, incêndios florestais, rajadas de vento fortes e superchuvas que causaram inundações, alagamentos e deslizamentos de costa”.

Prédio destruído em Taquarituba (SP)
Vendaval em Taquarituba deixou rastro de destruição (Imagem: Carlos Alberto de Castilho/TEM Você)

Vamos fazer a COP e ir nessa direção: não só reduzir as emissões, mas também aumentar significativamente a resiliência de milhões de pessoas a esses eventos extremos, encontrando todas as formas financeiras para acelerarmos na busca por salvar o planeta Terra

Carlos Nobre

COP acontece pela primeira vez no Brasil

Essa é a primeira vez que a Conferência das Partes (COP) acontece no Brasil. A principal proposta do governo brasileiro é a criação do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) para garantir o financiamento de projetos de preservação do bioma presente em 70 países.

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) – Brasil, Amazônia. Crédito: DOERS – Shutterstock

Segundo o Itamaraty, o TFFF tem potencial para arrecadar cerca de US$ 125 bilhões (cerca de R$ 680 bilhões) por ano entre recursos públicos e privados. O montante será gerido por um comitê ainda em formação, com representantes dos países envolvidos no projeto.

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Além disso, o Brasil se comprometeu a zerar o desmatamento até 2030 e a reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em 59% a 67% até 2035, em comparação com os níveis de 2005 — o que equivale a alcançar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente. Essa meta foi apresentada na COP 29, em Baku (Azerbaijão).

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.