Inédito: cientistas descobrem minerais de terras raras dentro de planta na China

Cientistas da China encontraram minerais de terras raras formados naturalmente dentro de uma planta viva. Saiba mais detalhes aqui.
Por Maurício Thomaz, editado por Lucas Soares 12/11/2025 12h01
Pesquisadores chineses descobrem terras raras cristalizadas em tipo de samambaia
Pesquisadores chineses descobrem terras raras cristalizadas em tipo de samambaia (Imagem: ilona.shorokhova / Shutterstock)
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Pesquisadores da China identificaram pela primeira vez a formação natural de um mineral contendo terras raras dentro de uma planta viva. O estudo, conduzido por cientistas do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, revelou a presença de monazita — um mineral altamente valioso — cristalizada em tecidos da samambaia Blechnum orientale. A descoberta pode abrir novas possibilidades para o uso sustentável e direto desses elementos essenciais para a tecnologia moderna. As informações são do portal Interesting Engineering.

Terras raras formadas em condições naturais

A monazita é um mineral rico em elementos como cério, lantânio e neodímio, componentes fundamentais em equipamentos eletrônicos, lasers, emissores de luz, condutores iônicos e sistemas de gerenciamento de resíduos radioativos. Normalmente, sua formação ocorre sob altas pressões e temperaturas elevadas, resultado de processos geológicos demorados.

O que torna a descoberta inédita é o fato de o mineral ter se formado sob condições naturais e em temperatura ambiente — algo até então considerado improvável. Os cientistas destacam que as plantas podem facilitar esse tipo de mineralização, um fenômeno que amplia o entendimento sobre como elementos de terras raras podem ser concentrados e cristalizados de forma biológica.

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O que torna a descoberta única é que o mineral se desenvolveu de forma espontânea em ambiente natural e sob temperatura ambiente (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Os pesquisadores classificaram o processo como um “sistema auto-organizado fora do equilíbrio”, comparando-o a um “jardim químico”, estrutura formada espontaneamente por reações químicas em soluções minerais.

Potencial do “phytomining” e mineração verde

O estudo também reforça a viabilidade da técnica conhecida como phytomining, ou fitorremediação mineral, um método sustentável que utiliza plantas “hiperacumuladoras” para extrair metais e minerais do solo. Essas espécies têm a capacidade de concentrar metais pesados em níveis centenas de vezes superiores aos encontrados no ambiente ao redor.

De acordo com o estudo, o processo funciona da seguinte maneira:

  • As plantas são cultivadas em solos ricos em metais ou minerais;
  • Elas absorvem os elementos em suas estruturas biológicas;
  • Após a colheita, os minerais podem ser recuperados diretamente da biomassa.

Esse método reduz a dependência de práticas tradicionais de mineração, que frequentemente causam impactos ambientais e envolvem riscos geopolíticos. Segundo o Instituto de Geoquímica de Guangzhou, a descoberta representa um novo caminho para o uso sustentável das terras raras, abrindo espaço para um modelo circular e ecológico de extração e reciclagem simultânea.

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As concentrações mais altas desses elementos foram encontradas nas folhas da samambaia (Imagem: wildpixel/iStock)

A pesquisa foi conduzida em parceria com a Virginia Tech, nos Estados Unidos, e analisou amostras de solo e plantas coletadas em depósitos de terras raras na região de Guangzhou. As concentrações mais altas desses elementos foram encontradas nas folhas da samambaia, especialmente nos folíolos (pinna).

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Os cientistas observaram que os minerais se formam nos tecidos extracelulares das plantas — fora das células — como uma forma de impedir a entrada de elementos não nutritivos e promover a desintoxicação. Essa capacidade biológica inédita pode redefinir a maneira como o mundo recupera e utiliza recursos minerais essenciais para a indústria tecnológica.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.