Data centers superam petróleo em investimentos globais, revela relatório da IEA

Data centers recebem mais investimentos que o petróleo e devem depender majoritariamente de energia renovável até 2035.
Maurício Thomaz13/11/2025 08h12
Investimentos em data centers ultrapassam busca por novas fontes de petróleo
Investimentos em data centers ultrapassam busca por novas fontes de petróleo (Imagem: DC Studio / Shutterstock)
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Um relatório recente da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) revelou que os data centers estão atraindo mais investimentos globais do que a busca por novas reservas de petróleo. Em 2025, os gastos com esses centros de processamento de dados devem alcançar US$ 580 bilhões, superando em cerca de US$ 40 bilhões os investimentos destinados à exploração de novos suprimentos de petróleo. O dado reflete a transformação da economia mundial, cada vez mais impulsionada pela digitalização e pela inteligência artificial.

Crescimento acelerado dos data centers e impacto na rede elétrica

De acordo com o relatório, o consumo de energia dos data centers voltados à inteligência artificial deve aumentar cinco vezes até o fim da década, o que representa o dobro do uso atual de eletricidade em todas as instalações do tipo. Mesmo os data centers convencionais devem ampliar sua demanda energética, ainda que em ritmo mais moderado.

Comunidades desafiam megaprojetos de data centers na América Latina
O consumo de energia dos data centers voltados à inteligência artificial deve aumentar cinco vezes até o fim da década (Imagem: Frame Stock Footage / Shutterstock)

Cerca de metade desse crescimento de consumo ocorrerá nos Estados Unidos, com o restante concentrado principalmente na Europa e na China. A maioria das novas construções está sendo feita em grandes centros urbanos, com populações acima de 1 milhão de habitantes. Além disso, metade dos novos projetos tem capacidade superior a 200 megawatts, e muitos estão sendo erguidos próximos uns dos outros, formando grandes polos de infraestrutura digital.

Esse rápido avanço traz desafios significativos. A IEA aponta que a sobrecarga nas redes elétricas e as longas filas de conexão já são uma realidade em diversas regiões. Em alguns mercados, como o norte da Virgínia (EUA), o tempo de espera para ligação à rede pode chegar a dez anos. Em Dublin, na Irlanda, novos pedidos de interconexão estão suspensos até 2028.

Entre os principais desafios enfrentados pelo setor estão:

  • Congestionamento nas redes e lentidão nas conexões;
  • Escassez de cabos, transformadores e minerais críticos;
  • Demora em atualizações de infraestrutura elétrica;
  • Necessidade crescente de integrar fontes renováveis.

Energia renovável deve dominar o futuro dos data centers

Apesar das limitações, a IEA prevê que a maior parte da energia utilizada pelos data centers virá de fontes renováveis até 2035. A energia solar, que se tornou mais acessível nos últimos anos, é a principal aposta dos desenvolvedores. Estima-se que, ao longo da próxima década, cerca de 400 terawatts-hora da eletricidade usada nesses centros será proveniente de fontes renováveis, enquanto o gás natural responderá por 220 terawatts-hora e pequenas usinas nucleares modulares poderão gerar até 190 terawatts-hora.

energia solar
IEA prevê que a maior parte da energia utilizada pelos data centers virá de fontes renováveis até 2035 (Imagem: zhudifeng/iStock)

Empresas como Amperesand e Heron Power já trabalham no desenvolvimento de transformadores de estado sólido, tecnologia que promete revolucionar o gerenciamento da rede elétrica ao permitir uma integração mais eficiente com fontes limpas. Embora as primeiras implementações estejam previstas apenas para os próximos anos, a inovação é vista como essencial para sustentar o ritmo de crescimento do setor.

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O relatório da IEA reforça que os data centers se tornaram um dos pilares da economia digital e que seu avanço exige planejamento energético e tecnológico global. Sem soluções sustentáveis, o crescimento do setor pode enfrentar gargalos que limitam a expansão da infraestrutura digital nos próximos anos.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.