Hackers chineses usaram Claude para realizar ataques cibernéticos com apenas um clique

Anthropic, responsável pelo Claude, admitiu que foram mais de 30 tentativas - e algumas deram certo
Vitoria Lopes Gomez13/11/2025 17h58
Ataques de hackers à logística ampliam roubos de carga e prejuízos bilionários
(Imagem: PeopleImages / Shutterstock)
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Hackers ligados ao governo da China usaram o Claude, inteligência artificial da Anthropic, para automatizar ataques cibernéticos a corporações e governos. Jacob Klein, chefe de inteligência de ameaças da desenvolvedora, admitiu o problema e revelou que os agentes realizaram os ataques com “literalmente um clique de botão”.

A informação foi revelada pelo site Wall Street Journal.

Plataforma Claude permite acelerar tarefas científicas, da revisão de literatura à submissão regulatória.
Criminosos teriam contornado proteções de segurança do Claude (Imagem: gguy / Shutterstock)

Hackers chineses usaram IA para automatizar ataques cibernéticos

Segundo o WSJ, os hackers foram patrocinados pelo governo chinês e começaram sua campanha de ataques cibernéticos em setembro. Foram dezenas de alvos, entre corporações e governos estrangeiros.

Para isso, eles usaram o Claude, da Anthropic – uma das principais desenvolvedoras na corrida de IA e rival da OpenAI. De acordo com Jacob Klein, chefe de inteligência de ameaças da empresa, o nível de automação dos ataques chegou a um nível de sofisticação que eles nunca tinham visto antes.

Klein destacou como hackers vêm usando IA há anos para realizar tarefas como criar e-mails de phishing ou vasculhar a internet em busca de falhas. No entanto, nesse caso, os ataques cibernéticos foram quase completamente autônomos, com 80% a 90% de autonomia.

Segundo ele, os agentes realizaram as ações “literalmente com um clique de um botão”. As únicas interações humanas necessárias foram confirmar ações, como “Sim, continue” ou “Não continue”.

anthropic
Foram mais de 30 alvos, sendo que quatro ataques foram bem-sucedidos (Imagem: JRdes/Shutterstock)

Anthropic resolveu o problema

  • A Anthropic conseguiu interromper os ataques cibernéticos, mas só depois que os hackers já haviam feito quatro invasões bem-sucedidas;
  • Em uma delas, os agentes direcionaram as ferramentas do Claude para consultar bancos internos e extrair dados;
  • A desenvolvedora não divulgou quais empresas ou governos foram hackeados, mas que os ataques bem-sucedidos conseguiram roubar informações confidenciais;
  • Foram cerca de 30 alvos, no total. A Anthropic afirmou que o governo dos Estados Unidos não foi uma vítima (mas não confirmou se estaria entre as tentativas mal-sucedidas).
Anthropic afirma que os hackers são patrocinados pela China (Imagem: trambler58/Shutterstock)

Ataques cibernéticos teriam vindo da China

Com base na infraestrutura digital utilizada, a Anthropic está confiante de que os ataques cibernéticos vieram de hackers patrocinados pela China. Porém, para eles conseguirem usar o Claude, tiveram que contornar medidas de segurança da própria empresa.

A desenvolvedora também afirma que os hackers desenvolveram um sistema para decompor cada parte dos ataques, desde a busca por vulnerabilidades até a obtenção de dados. Tudo isso aconteceu separadamente, para não levantar suspeitas.

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Depois da resolução do problema, a Anthropic disse que atualizou seus métodos para detectar uso indevido, dificultando que casos como esse aconteçam no futuro. A empresa ainda defendeu que sua estratégia é focar no desenvolvimento de IAs que ajudem mais os ‘defensores’ do que os ‘atacantes’.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.