Amazônia vive crise ambiental grave em plena COP30

Amazônia enfrenta secas históricas, perda de biodiversidade e alerta científico de colapso antes e durante COP30
Por Maurício Thomaz, editado por Layse Ventura 14/11/2025 18h54
Secas históricas expõem risco de colapso na Amazônia
Em plena COP30, secas históricas expõem risco de colapso na Amazônia (Imagem: Rich Carey / Shutterstock)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

A Amazônia, palco da próxima Conferência do Clima da ONU (COP30), vive um momento crítico marcado por secas severas, colapso ecológico e impactos diretos sobre milhões de pessoas. Comunidades ribeirinhas, pesquisadores e instituições relatam mudanças profundas no ciclo da maior floresta tropical do mundo, que já sinaliza riscos crescentes de atingir um ponto de não retorno. Os efeitos dessas transformações se estendem desde a perda de biodiversidade até o comprometimento do abastecimento urbano e da saúde pública.

Secas históricas expõem fragilidade da Amazônia

Entre 2023 e 2024, a Amazônia enfrentou a pior seca de sua história recente. No rio Tapajós, o nível da água baixou drasticamente, reduzindo mais de um quilômetro em algumas margens e provocando mortandade de peixes. Para comunidades como Jamaraquá, no Pará, isso significou menos alimento, menos renda e a redução de produtos tradicionais que dependem da floresta.

A prolongada estiagem também fez com que árvores abortassem frutos e plantações tradicionais, como a mandioca, tivessem colheita reduzida. A escassez de recursos se somou ao impacto emocional: moradores relatam espanto ao observar transformações tão rápidas em um ambiente historicamente estável.

Amazônia enfrentou a pior seca de sua história recente entre 2023 e 2024 (Crédito: PARALAXIA – Shutterstock)

Os cientistas do Painel Científico para a Amazônia (SPA) confirmam que essas mudanças não são pontuais. Segundo o climatologista Carlos Nobre, o sul da Amazônia já demonstra comportamento típico de um ecossistema à beira do colapso. Pesquisas recentes apontam que a estação seca está de quatro a cinco semanas mais longa e até 30% mais árida. A temperatura regional também já aumentou 2 °C.

O papel do desmatamento no agravamento da crise

Estudos revisados por 145 pesquisadores do SPA ressaltam que o desmatamento tem peso determinante nesse cenário. De acordo com uma das análises citadas, 74% da diminuição das chuvas está diretamente associada à perda da cobertura florestal. Sem a floresta, o ciclo da água se rompe, agravando o calor e reduzindo a capacidade natural da Amazônia de sequestrar carbono – uma função vital no combate às mudanças climáticas.

Lista de efeitos identificados por cientistas na Amazônia:

  • estação seca mais longa;
  • aumento expressivo das temperaturas;
  • queda no volume de chuvas;
  • redução do crescimento das árvores;
  • morte de espécies vegetais;
  • perda de biodiversidade;
  • risco crescente de não retorno ecológico.
queimadas-floresta-amazonia
74% da diminuição das chuvas na Amazônia está diretamente associada à perda da cobertura florestal (Créditos: Pedarilhosbr/Shutterstock)

As consequências são visíveis também nos centros urbanos. Em Rondônia, o rio Madeira registrou sua menor vazante e prejudicou abastecimento de água, navegação e geração de energia. No Pará, 100% do território enfrentou seca em 2024, trazendo aumento de doenças respiratórias, diarreias e proliferação de mosquitos transmissores de dengue, malária e leishmaniose.

Amazônia como prioridade global

Com mais de 47 milhões de habitantes, 400 povos indígenas e inúmeras comunidades tradicionais, a Amazônia depende tanto da integridade ecológica quanto da proteção social. Os cientistas defendem que o bioma seja tratado como prioridade global durante a COP30. A manutenção da conectividade ecológica e sociocultural, além do combate ao crime organizado ligado ao desmatamento e ao garimpo, são pontos centrais do debate.

Leia mais:

Pesquisadores reforçam que compromissos como desmatamento zero, recuperação de áreas degradadas e apoio financeiro internacional são essenciais. Para ribeirinhos como Ivanilda Fonseca, preservar a Amazônia não é apenas uma pauta climática, mas uma questão de sobrevivência. Sua mensagem aos participantes da COP30 é direta: a floresta precisa de ajuda imediata.

lideres-cop30-1
Lideres posam para foto durante a COP30 (Imagem: COP30)
Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.