Empresa quer alimentar data centers de IA com rochas aquecidas

Startup Exowatt desenvolve sistema de energia contínua baseado em rochas para suprir demanda da inteligência artificial
Por Maurício Thomaz, editado por Rodrigo Mozelli 14/11/2025 00h30
Exemplo de data center
Tecnologia com rochas pode transformar abastecimento de energia para IA (Imagem: Frame Stock Footage/Shutterstock)
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A startup Exowatt, apoiada por investidores, como Sam Altman, está desenvolvendo uma solução inédita para enfrentar a crescente crise energética provocada pelo avanço da inteligência artificial (IA). Segundo informações do portal TechCrunch, a empresa quer usar rochas aquecidas para gerar eletricidade de forma contínua e a baixo custo, oferecendo uma alternativa para data centers que consomem energia em ritmo acelerado.

Exemplo de data center
Tecnologia pode ser alternativa a data centers que consomem energia em ritmo acelerado (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

O CEO e cofundador da Exowatt, Hannan Happi, afirmou que o objetivo é alcançar um custo de apenas um centavo por quilowatt-hora. Para isso, a empresa ampliou seu financiamento com mais US$ 50 milhões [R$ 264,9 milhões], adicionados à rodada Série A concluída em abril, totalizando US$ 120 milhões [R$ 635,8 milhões]. O movimento foi motivado pelo “forte interesse dos investidores” e pela demanda crescente por soluções energéticas viáveis para treinar modelos de IA.

A tecnologia usada pela Exowatt não é nova, mas está ganhando força com novos investimentos. Baseada em energia solar concentrada, ela utiliza materiais que acumulam calor — frequentemente semelhantes a rochas — em um sistema apelidado de “rocks in a box”. A proposta é entregar energia renovável, contínua e com armazenamento térmico de até cinco dias, algo essencial para a operação ininterrupta de sistemas de IA.

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Proposta é entregar energia renovável, contínua e com armazenamento térmico de até cinco dias (Imagem: Luis Echeverri Urrea/iStock)

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Como funcionam os módulos P3 da Exowatt

O coração da tecnologia da empresa é o P3, um módulo metálico do tamanho de um contêiner que usa lentes para concentrar luz solar sobre um bloco especial que retém calor. Esse calor é transferido por ar quente para outra unidade, onde é convertido em eletricidade por um motor Stirling e um gerador.

A empresa afirma que tudo foi projetado para ser simples, modular e escalável. A eficiência seria comparável à de painéis solares fotovoltaicos, com desempenho superior quando combinados a baterias de íons de lítio.

Entre os destaques do sistema estão:

  • Armazenamento térmico que mantém calor por até cinco dias;
  • Estrutura modular que permite escalar capacidade instalando mais unidades;
  • Funcionamento contínuo, mesmo sem Sol;
  • Processo de fabricação projetado para ser replicado em larga escala.

Segundo Happi, a meta é produzir milhões — e, futuramente, bilhões — de unidades. A empresa afirma ter atualmente um backlog de dez milhões de módulos P3, equivalente a 90 GWh de capacidade.

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Soluções energéticas sustentáveis são cada vez mais necessárias para manter o avanço da IA (Imagem: IM Imagery/Shutterstock)

IA acelera busca por soluções energéticas alternativas

O avanço da IA tem pressionado o setor energético global e soluções, como as da Exowatt, ganham relevância por prometerem energia renovável e de baixo custo. A startup argumenta que regiões com alta incidência solar, onde muitos data centers estão sendo construídos, são ideais para o sistema.

Ainda assim, especialistas destacam desafios: a necessidade de grandes áreas para acomodar múltiplos módulos e a competitividade crescente de tecnologias solares tradicionais e baterias de lítio. Mesmo assim, a empresa acredita que sua abordagem modular poderá reduzir custos rapidamente, seguindo o modelo de escala já visto na fabricação de painéis solares.

Apesar das limitações, o interesse do mercado mostra que alternativas, como as “rochas em caixas”, podem ter papel importante em um cenário dominado pela demanda crescente da IA.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.