Pressão política força Tesla tirar sua cadeia de suprimentos da China

Empresa quer substituir todos os fornecedores chineses em até dois anos para proteger produção americana de veículos
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Lucas Soares 17/11/2025 16h00
Fachada da Tesla
(Imagem: FPCreative Stock/Shutterstock)
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A Tesla está acelerando um movimento estratégico que já vinha ganhando força nos bastidores: a remoção de todos os componentes fabricados na China destinados às suas fábricas nos Estados Unidos.

A orientação, revelada pelo Wall Street Journal, marca uma nova fase no esforço da empresa para separar completamente sua cadeia de suprimentos americana do ecossistema industrial chinês — uma mudança guiada tanto por risco geopolítico quanto por pressão regulatória.

Fachada de uma loja da Tesla com o logo da empresa
Montadora busca reduzir incertezas de custo e reforçar estabilidade operacional em meio à escalada das tensões (Imagem: Stock all/Shutterstock)

Pressão tarifária e incerteza estratégica

  • Segundo o jornal, a Tesla decidiu no início deste ano parar de utilizar fornecedores chineses nos veículos montados nos EUA.
  • Parte das peças já foi substituída, mas o plano agora é mais ambicioso: migrar todos os componentes restantes para fornecedores de outros países dentro de um prazo de um a dois anos.
  • Esse avanço ocorre em meio à escalada das tensões comerciais entre Washington e Pequim.
  • A iniciativa teria sido acelerada especialmente após o presidente Donald Trump impor novas tarifas rígidas sobre importações chinesas, criando o que fontes internas chamam de um ambiente de “incerteza” que dificulta previsões de custos e decisões de preços.

Interrupções recentes — como a disputa entre China e Holanda envolvendo chips automotivos da Nexperia — reforçaram a urgência do movimento, aumentando o temor de gargalos estratégicos em momentos críticos.

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Fachada da Tesla, com o logo da empresa
Estratégia aprofunda separação entre operações globais e expõe novo capítulo da disputa entre Washington e Pequim (Imagem: Trygve Finkelsen/Shutterstock)

Estratégia de duas cadeias de suprimentos

Embora a Tesla já incentivasse fornecedores chineses a migrarem, sobretudo para o México, a nova diretriz é mais drástica e definitiva. Na prática, ela consolida uma separação total entre as operações voltadas para o mercado americano e o restante da produção global.

A Giga Shanghai, que abastece China, Europa e grande parte da Ásia, opera com mais de 400 fornecedores locais — um arranjo altamente eficiente, que reduziu custos e impulsionou a produção. Porém, esse ecossistema não abastece os EUA.

As unidades americanas da Tesla, em Fremont e no Texas, hoje funcionam isoladas dessa vasta rede, perdendo sinergias que antes ajudavam na escala e no preço final dos veículos.

O resultado é um exemplo claro da “desvinculação” entre as duas maiores economias do planeta, um processo que está forçando multinacionais a construírem estruturas paralelas e, cada vez mais, a escolherem um lado em cada mercado.

fábrica da tesla
Tesla acelera ruptura com a China e prepara cadeia paralela para atender mercado dos EUA (Imagem: Michael Vi/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.