Congresso silencia enquanto Trump adia, repetidamente, venda do TikTok

Após meses de alarmes sobre riscos à segurança nacional, legisladores evitam confrontar sucessivas prorrogações da Casa Branca
Leandro Costa Criscuolo18/11/2025 17h37
Fachada do TikTok
(Imagem: Ringo Chiu/Shutterstock)
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Há menos de dois anos, o TikTok era tratado como ameaça urgente em Washington. Líderes do Comitê Seleto da Câmara sobre a China o comparavam a um “fentanil digital”, acusando o aplicativo de manipular jovens e servir a interesses de Pequim.

Em meio a reuniões sigilosas e alertas de segurança nacional, parlamentares aprovaram com rapidez uma lei bipartidária obrigando a ByteDance a vender o aplicativo ou enfrentar uma proibição nos Estados Unidos.

Ao fundo, bandeira dos EUA e imagem de Donald Trump; à frente, logo do TikTok em um smartphone
Negociação conduzida por Trump não resolve dilemas sobre algoritmo, influência chinesa e exigências legais (Imagem: Saulo Ferreira Angelo / Shutterstock.com)

Pressão diminui e acordo segue indefinido

  • Quase um ano após o prazo final para o banimento, o TikTok continua disponível — consequência direta da decisão do governo Donald Trump de prorrogar sucessivamente a aplicação da lei.
  • A venda prometida a investidores americanos permanece travada, e muitos dos congressistas que impulsionaram a medida agora evitam comentar o impasse.
  • Entre quase uma dúzia de legisladores procurados pelo The Verge, apenas a senadora Maria Cantwell respondeu, afirmando que o Congresso ainda não recebeu informações claras sobre como uma venda impediria danos potenciais associados aos algoritmos do TikTok.
  • O restante manteve silêncio diante do prolongado descumprimento da lei — uma postura que, para analistas, revela desconforto em confrontar a Casa Branca.

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Acordo nebuloso mantém TikTok no ar e questiona eficácia da legislação americana (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

Detalhes nebulosos e dúvidas legais

O governo alega que o aplicativo está “prestes” a ser vendido, mas o acordo desenhado até agora levanta mais perguntas do que respostas.

A nova entidade americana seria avaliada em US$ 14 bilhões e controlada majoritariamente por empresas sediadas nos EUA, enquanto a ByteDance manteria participação minoritária.

Ainda não se sabe se a China permitirá a venda nem se o licenciamento do algoritmo — ponto central da negociação — atende às exigências da lei de desinvestimento, que proíbe vínculos operacionais com a empresa chinesa.

Parlamentares como John Moolenaar expressam preocupação, mas aguardam detalhes do governo.

Por ora, após meses de retórica dura, o Congresso observa à distância enquanto Trump redefine os termos da negociação — e ignora uma lei aprovada por ampla maioria, sem enfrentar resistência significativa de seus autores.

tiktok eua
Críticas esmorecem e TikTok segue operando apesar de proibição votada por 400 parlamentares – Imagem: Luiza Kamalova / Shutterstock

A análise original foi publicada no The Verge.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.