Brasil dá passo inédito para produzir sua própria insulina

Entrega de 2,1 milhões de doses abre fase de produção nacional da insulina glargina, que será fabricada pela Fiocruz em parceria com a Biomm
Por Bruna Barone, editado por Pedro Spadoni 18/11/2025 08h13, atualizada em 18/11/2025 08h21
ministro insulina
(Imagem: Ministério da Saúde)
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O Brasil deu mais um passo para reduzir a dependência de importação de insulina usada no tratamento de pessoas com diabetes tipos 1 e 2 pelo SUS. O Ministério da Saúde recebeu o primeiro lote de insulina glargina, com 2.109.000 unidades, na segunda-feira (17). Um novo carregamento, com mais 4,7 milhões de unidades, será entregue até o fim de 2025.

Com a transferência de tecnologia do medicamento para o laboratório público Bio-Manguinhos, da Fiocruz, o produto passará a ter produção nacional, com fabricação viabilizada pela empresa brasileira de biotecnologia Biomm. Atualmente, a propriedade da insulina é da farmacêutica chinesa Gan&Lee. 

“Um grande dia para o Sistema Único de Saúde e para a soberania do Brasil. Uma grande parceria que traz garantia e segurança para os pacientes que têm diabetes no país”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao receber o lote no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo (SP).

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Produção nacional vai garantir maior estabilidade no fornecimento do medicamento aos usuários do SUS (Imagem: Ministério da Saúde)

SUS fortalecido

O projeto também prevê a produção nacional do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), numa iniciativa inédita na América Latina. O desenvolvimento da tecnologia será feito na planta de Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz no Ceará dedicada à pesquisa, desenvolvimento e fabricação de vacinas, biofármacos, diagnósticos e terapias avançadas para o SUS.  

“Essa primeira entrega tem um simbolismo muito grande. É a ciência e tecnologia a favor do fortalecimento do SUS e diminuindo a dependência do mercado externo para a produção de medicamentos no país. Com isso, temos mais soberania, geração de emprego e ampliação do acesso ao tratamento para milhões de brasileiros”, afirmou o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.

Ao fim do processo de transferência de tecnologia, o Brasil deverá dominar as etapas de produção da insulina glargina. Isso inclui maior estabilidade no fornecimento do medicamento aos usuários do SUS e o avanço do desenvolvimento tecnológico nacional, segundo o governo.

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Atualmente, a propriedade da insulina é da farmacêutica chinesa Gan&Lee (Imagem: Ministério da Saúde)

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Parcerias

O trabalho integra as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), modelo que reúne instituições públicas e empresas privadas para dominar a produção nacional de medicamentos, do insumo farmacêutico ativo (IFA) à tecnologia envolvida no processo. É o mesmo mecanismo usado na fabricação de vacinas e outros insumos estratégicos em saúde.

No caso da insulina glargina, a transferência de tecnologia entre a farmacêutica chinesa Gan&Lee e a brasileira Biomm começou após a primeira compra do medicamento, formalizada no fim de outubro. Quando o processo estiver concluído, a previsão é chegar a cerca de 70 milhões de unidades produzidas por ano. O projeto também abrange etapas como embalagem, controle de qualidade dos insumos e fabricação do produto acabado no Brasil.

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O desenvolvimento da tecnologia ocorrerá na planta de Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz no Ceará (Imagem: Fiocruz)

Além da insulina glargina, o Ministério da Saúde mantém outra PDP para a produção e oferta das insulinas NPH e Regular, com fabricação de frascos e tubetes. A cooperação envolve a farmacêutica indiana Wockhardt, o laboratório público Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a Biomm. A transferência de tecnologia já começou, com 710.356 unidades entregues. A expectativa é chegar a oito milhões de unidades até 2026. 

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência integral às pessoas com diabetes — desde o diagnóstico e monitoramento até o tratamento, de acordo com o quadro clínico de cada paciente. A porta de entrada é a Atenção Primária à Saúde, responsável pelo acompanhamento contínuo feito por equipes multiprofissionais.

Atualmente, o SUS disponibiliza quatro tipos de insulina: as humanas NPH e Regular, além das análogas de ação rápida e de ação prolongada. Também são oferecidos medicamentos orais para o tratamento do diabetes mellitus.

(Essa matéria também usou informações da Agência Brasil.)

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.