Las Chumberas: conheça a igreja vencedora do prêmio “Edifício do Ano” de 2025

Obra financiada por paroquianos, vizinhos e organizações locais levou 15 anos para ser concluída na ilha de Tenerife, na Espanha
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 18/11/2025 02h40
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Concreto britado misturado com pedras vulcânicas absorve o som (Imagem: Hisao Suzuki/Divulgação)
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A Igreja do Santíssimo Redentor de Las Chumberas catalisa a renovação urbana em seu bairro periférico negligenciado, erguendo-se como um marco em uma paisagem construída fragmentada. É assim que a organização do Festival Mundial de Arquitetura em Miami Beach (EUA) descreve o grande vencedor do prêmio “Edifício do Ano” de 2025. 

Projetado pelo arquiteto espanhol Fernando Menis, o local inclui uma igreja, um centro comunitário e uma praça pública, proporcionando um espaço de encontro para os moradores. A obra foi financiada por meio de doações de paroquianos, vizinhos e organizações locais — esse fluxo desigual de financiamento, aliás, ditou o processo da construção, resultando em quatro módulos independentes entregues em fases.

Foram mais de 15 anos até a conclusão do projeto, coincidindo com a transformação do bairro onde se situa, uma área desfavorecida nos arredores das principais cidades da ilha de Tenerife, La Laguna e Santa Cruz de Tenerife, na Espanha. O Centro Paroquial, localizado em dois dos quatro edifícios, foi concluído em 2008 e está em uso desde então, enquanto se buscavam recursos para o restante da obra.

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Local inclui uma igreja, um centro comunitário e uma praça pública (Imagem: Divulgação/Hisao Suzuki)

Igreja é um convite à reflexão

  • Inspirado na geologia vulcânica da ilha, o edifício parece estar incrustado no solo, erguendo-se com seus quatro volumes maciços que lembram grandes rochas, cuja textura áspera contrasta fortemente com o entorno;
  • Entre esses volumes pétreos, estreitas fendas, protegidas por estruturas esculturais de metal e vidro, permitem a entrada de luz natural, criando um espaço austero e livre de elementos supérfluos;
  • A luz desempenha um papel essencial no projeto, funcionando como um elemento arquitetônico que convida à reflexão em um espaço introspectivo e austero, sem janelas, destacam os organizadores;
  • Ao amanhecer, a luz inunda o espaço através da cruz, simbolizando a entrada da gruta onde Jesus foi sepultado, e ilumina a pia batismal na extremidade oposta;
  • O altar, a confirmação e a comunhão são iluminados ao meio-dia e, mais tarde, um raio de luz incide sobre o confessionário. Claraboias iluminam estrategicamente a unção, o matrimônio e o sacerdócio.

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Ao amanhecer, a luz inunda o espaço através da cruz, simbolizando a entrada da gruta onde Jesus foi sepultado (Imagem: Divulgação/Hisao Suzuki)

O concreto, escolhido por sua versatilidade, serve para estrutura, forma, textura e acústica. Produzido localmente, barato, durável e energeticamente eficiente, suas paredes espessas aumentam sua inércia térmica. Utilizado de forma inovadora para acústica, o concreto britado misturado com pedras vulcânicas absorve o som e, juntamente com o concreto aparente liso ou áspero, proporciona um controle sonoro sofisticado, comparável ao de uma casa de ópera — ideal para palavra falada e música.

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Projeto premiado

Em anos anteriores, a Igreja do Santíssimo Redentor de Las Chumberas conquistou o Prêmio de Honra Inter-religiosa Faith & Form-AIA para Arquitetura Sacra e Arte Religiosa e o Prêmio de Inovação em Concreto da Fundação Ambuja Knowledge, Índia. O projeto também foi incluído na coleção permanente de arquitetura do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).

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Centro Paroquial, localizado em dois dos quatro edifícios, foi concluído em 2008 e está em uso desde então (Imagem: Divulgação/Hisao Suzuki)

“É uma obra impressionante. Parece que os blocos de pedra foram esculpidos e escavados para criar espaços espirituais por meio do uso da luz e da textura. Intimidade e aconchego são alcançados. As texturas internas também aprimoram a acústica. Os componentes estruturais são expressivos. Atenção especial é dada à acústica e à iluminação natural”, avaliou o júri do Prêmio Internacional de Arte e Arquitetura Religiosa da AIA.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.