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A Tesla comunicou três novos acidentes envolvendo seu robô-táxi em Austin, no Texas, elevando para sete o total de ocorrências desde o lançamento do serviço. Apesar de operar com supervisores dentro do veículo — agora posicionados no banco do passageiro — a empresa é obrigada a reportar cada incidente à NHTSA (agência de segurança veicular dos Estados Unidos).
Os dados, divulgados pelo portal Electrek, reforçam questionamentos sobre a segurança do sistema autônomo da companhia, especialmente quando comparado ao desempenho de concorrentes como a Waymo.
Acidentes aumentam e taxa preocupa especialistas
O serviço de robô-táxi da Tesla começou a operar no fim de junho e, já no primeiro mês, registrou três colisões. A empresa relatou uma quarta ocorrência no mês seguinte, divulgada junto com o anúncio de que sua frota havia percorrido 250 mil milhas entre junho e novembro. Essa quilometragem revelou uma taxa de acidentes aproximadamente duas vezes maior que a da Waymo, mesmo com supervisores capazes de impedir colisões iminentes.

Agora, os três novos casos registrados em setembro incluem colisão com um animal, incidente envolvendo um ciclista, com danos materiais, além de uma batida com um carro que estava realizando manobra de ré.
Em todos os episódios reportados, não houve feridos. Ainda assim, a soma dos eventos em uma distância relativamente curta — provavelmente em torno de 300 mil milhas — preocupa analistas do setor. Para comparação, estatísticas gerais mostram que humanos costumam se envolver em uma colisão a cada 700 mil milhas, considerando ou não culpa.
Falta de transparência dificulta análise dos incidentes
Entre as empresas que reportam eventos à NHTSA, a Tesla se destaca pelo uso extensivo de trechos redigidos, especialmente no campo “narrativa”, onde normalmente são descritas as circunstâncias de cada colisão. Essa prática impede que o público entenda como os acidentes ocorreram e quem foi responsável.
Outros fabricantes de veículos autônomos adotam postura diferente. A Waymo, por exemplo, fornece relatórios completos e detalhados, o que permite constatar que muitos de seus incidentes não são causados por falhas do sistema autônomo. No caso da Tesla, a ausência dessas descrições impede conclusões similares.

Os críticos destacam que, mesmo com supervisores presentes e com um “botão de emergência” pronto para intervenção, a taxa de colisões dos robô-táxis da empresa se mostra alta. A dúvida, segundo analistas, é quantos acidentes adicionais poderiam ter ocorrido caso os supervisores não estivessem atuando.
A presença humana dentro dos veículos também contrasta com o modelo da concorrência. Enquanto a Waymo já acumula centenas de milhões de milhas rodadas com veículos totalmente autônomos e sem motorista, a Tesla ainda opera com supervisão constante, o que coloca em perspectiva a maturidade real de seu sistema.
O que se sabe sobre os acidentes reportados
Apesar das informações redigidas, é possível identificar elementos básicos dos incidentes:
- batida com carro enquanto o robô-táxi seguia em linha reta;
- colisão com objeto fixo durante conversão à esquerda;
- danos materiais envolvendo SUV em julho;
- incidente com objeto fixo que gerou lesão leve sem hospitalização.

Mesmo com detalhes limitados, os episódios levantam preocupações sobre a confiabilidade do serviço e a rapidez com que a Tesla pretende avançar com operações totalmente autônomas.
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A empresa ainda não comentou publicamente os novos registros. Enquanto isso, reguladores e especialistas avaliam os dados disponíveis, observando a necessidade de maior transparência da Tesla para comparação justa com outras operadoras de robô-táxi.