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Os testes de impacto de carros e aviões foram historicamente projetados para proteger apenas os homens. Bonecos de teste masculinos dominam os procedimentos, deixando lacunas significativas na segurança feminina, alerta artigo no The Conversation.
Pesquisas recentes mostram que mulheres têm maior risco de ferimentos graves, mesmo em acidentes leves, destacando a urgência de manequins que representem o corpo feminino médio.

Os problemas dos bonecos de teste
Os chamados “dispositivos de teste antropomórficos” surgiram em 1949 para uso militar e foram adaptados para carros na década de 1960. O Hybrid III, criado em 1976, é o manequim masculino padrão, com 175 cm e 78 kg, representando um homem de estatura média.
Quando se trata de mulheres, os bonecos disponíveis até recentemente eram versões reduzidas do manequim masculino, como o Hybrid HIII-5F, com 139 cm e 48 kg, muito mais próximo de uma menina de 13 anos do que de uma mulher adulta. Apenas três anos atrás, uma equipe sueca liderada por Astrid Linder desenvolveu um manequim que simula uma mulher média (162 cm e 62 kg).
Fiquei chocada com a pouca quantidade de testes práticos que ainda são realizados para garantir a segurança das mulheres no ar e nas estradas.
Natasha Heap, Diretora do Programa de Bacharelado em Aviação da Universidade do Sul de Queensland, em artigo no The Conversation.
Apesar do avanço, o uso do manequim feminino médio ainda não é obrigatório nos testes de carros ou aviões.

Mulheres têm risco maior de lesões
Estudos mostram que, em acidentes de trânsito, mulheres sofrem mais ferimentos graves mesmo em baixas velocidades. Isso ocorre porque:
- Elas se sentam mais à frente ao dirigir;
- Têm proporções corporais diferentes, incluindo quadris mais largos e ligamentos mais frouxos;
- Sistemas de segurança testados em manequins masculinos podem aumentar a gravidade das lesões em mulheres.
O mesmo padrão se repete na aviação. Todos os testes de pouso de emergência utilizam apenas manequins masculinos médios, independentemente do sexo dos passageiros. A Boeing e a Airbus seguem normas internacionais de certificação, mas não exigem testes em manequins femininos médios.

Diferenças fisiológicas que importam
Especialistas defendem que a segurança deve ser projetada para todos os corpos.
As mulheres não são homens menores. As proporções corporais, a massa muscular e o comprimento dos membros diferem entre os sexos.
Natasha Heap, Diretora do Programa de Bacharelado em Aviação da Universidade do Sul de Queensland, em artigo no The Conversation.
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Além disso, hormônios femininos também afetam a estabilidade articular, tornando essencial que futuras normas de segurança considerem essas particularidades.
O desenvolvimento de manequins que representem mulheres adultas é um passo crucial para reduzir riscos em acidentes de carro e de avião, garantindo proteção mais igualitária para toda a população.