NASA apresenta imagens inéditas do cometa 3I/ATLAS

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (19), especialistas da NASA revelaram imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS
Flavia Correia19/11/2025 17h13, atualizada em 19/11/2025 18h49
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Três das novas imagens do cometa 3I/ATLAS reveladas pela NASA nesta quarta-feira (19). Crédito: NASA
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Nesta quarta-feira (19), com transmissão ao vivo em todas as plataformas do Olhar Digital, a NASA realizou uma coletiva de imprensa para revelar imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS. O evento, direto do Centro de Voos Espaciais Goddard, em Maryland, reuniu especialistas para explicar o material obtido por diferentes missões da agência.

Estiveram presentes Amit Kshatriya, administrador associado da NASA, Nicky Fox, líder da Diretoria de Missões Científicas, Shawn Domagal-Goldman, diretor interino da Divisão de Astrofísica, e Tom Statler, cientista-chefe para corpos pequenos do Sistema Solar.

Descoberto em julho por astrônomos do Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês), um projeto financiado pela NASA para monitorar objetos que possam representar risco ao planeta, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro visitante interestelar já identificado passando pelo Sistema Solar. Por isso, cada registro é considerado uma oportunidade científica rara.

Várias espaçonaves da NASA apontaram para o 3I/ATLAS

Entre 2 e 3 de outubro, o 3I/ATLAS passou relativamente perto de Marte, a cerca de 30 milhões de km – bem menos que a distância de 270 milhões de km que o objeto vai estar da Terra na passagem mais próxima, em dezembro. 

Na ocasião, a câmera HiRISE, instalada na sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), registrou imagens com resolução de cerca de 30 km por pixel. Enquanto o MRO capturou uma das imagens mais próximas do cometa, a sonda MAVEN (sigla para “Evolução da Atmosfera e dos Voláteis de Marte”) obteve imagens ultravioleta que ajudarão os cientistas a entender a composição do objeto. Também foi apresentada uma imagem obtida do “chão” marciano, pelo rover Perseverance.

Uma vista do cometa interestelar 3I/Atlas capturada da órbita de Marte com a câmera HiRISE no Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, em 2 de outubro de 2025. Crédito: HiRISE (MRO) – NASA / JPL-Caltech / Universidade do Arizona
Uma composição em ultravioleta mostra átomos de hidrogênio ao redor do cometa interestelar 3I/ATLAS enquanto ele cruza o Sistema Solar. A imagem, feita em 28 de setembro de 2025 pela missão MAVEN, revela três fontes de hidrogênio: o cometa, Marte e o hidrogênio interplanetário. Usando um modo especial que separa as emissões pela velocidade, o instrumento distinguiu cada origem, tornando visível o cometa como um ponto pequeno e circular no céu. Crédito: NASA/Goddard/LASP/CU Boulder
O rover Perseverance capturou imagens do 3I/ATLAS usando o instrumento Mastcam-Z em 4 de outubro. O cometa apareceu como uma mancha tênue contra estrelas de fundo. No momento da foto, ele estava a 29,9 milhões de km de distância do rover. Crédito: NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS

Algumas missões de heliofísica da NASA conseguem observar regiões muito próximas ao Sol, permitindo acompanhar o cometa 3I/ATLAS mesmo quando ele passou atrás da estrela, fora do alcance de telescópios terrestres. É a primeira vez que instrumentos desse tipo observam, de forma direcionada, um objeto vindo de outro sistema estelar.

O Observatório de Relações Sol-Terra (STEREO) registrou o cometa entre 11 de setembro e 2 de outubro, fornecendo imagens importantes do deslocamento do 3I/ATLAS em uma área normalmente difícil de monitorar a partir do solo.

Viajando pelo nosso sistema solar a uma velocidade impressionante de 209 mil km/h por hora, o 3I/ATLAS aparece nessa série de imagens sobrepostas, capturadas entre 11 e 25 de setembro pelo instrumento Heliocentric Imager-1 (HI1), um imageador de luz visível a bordo da espaçonave STEREO-A (Observatório de Relações Sol-Terra). Crédito: NASA/Observatório Lowell/Qicheng Zhang

O Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), operado pela NASA em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), complementou o rastreamento com observações feitas em 15 e 16 de outubro, oferecendo uma visão adicional do comportamento do cometa próximo ao brilho intenso do Sol.

Uma imagem tênue do cometa 3I/ATLAS, observada pela missão SOHO entre 15 e 16 de outubro de 2025. O cometa aparece como um leve brilho no centro da imagem. Crédito: Observatório Lowell/Qicheng Zhang

O Polarímetro para Unificar a Coroa e a Heliosfera (PUNCH), lançado em março, produziu imagens entre 20 de setembro e 3 de outubro, revelando detalhes da cauda do cometa e sua interação com o vento solar.

O cometa 3I/ATLAS aparece como um objeto brilhante próximo ao centro desta imagem, criada a partir da combinação de observações da missão PUNCH da NASA, feitas entre 20 de setembro e 3 de outubro de 2025, quando o cometa estava a cerca de 372 a 378 milhões de km da Terra. A cauda aparece como um pequeno alongamento à direita, com estrelas como rastros ao fundo. Crédito: NASA/Instituto de Pesquisa do Sudoeste

A sonda Psyche, destinada a estudar o asteroide metálico de mesmo nome, realizou quatro observações nos dias 8 e 9 de setembro, a 53 milhões de quilômetros de distância, ajudando a refinar a trajetória do 3I/ATLAS.

Captura do 3I/ATLAs feita pela sonda Psyche, em 18 de setembro de 2025. Crédito: NASA

Por fim, a sonda Lucy, que investiga os asteroides troianos de Júpiter, registrou imagens em 16 de setembro, a 386 milhões de quilômetros, destacando detalhes da coma e da cauda a partir da sobreposição das exposições.

O cometa interestelar 3I/ATLAS, circulado no centro, visto pela câmera pancromática L’LORRI, a bordo da sonda Lucy da NASA. Esta imagem foi criada a partir da sobreposição de uma série de imagens capturadas em 16 de setembro de 2025, quando o cometa se aproximava de Marte. Lucy estava a 386 milhões de quilômetros de distância do 3I/ATLAS naquele momento, explorando oito asteroides que compartilham a órbita de Júpiter. Crédito: NASA/Goddard/SwRI/JHU-APL

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Imagens ficaram retidas por mais de 40 dias

Apesar da grande importância científica, as imagens ficaram semanas sem análise ou divulgação. Isso ocorreu porque a NASA foi diretamente afetada pelo shutdown de 43 dias do governo dos EUA, que suspendeu parte das operações, reduziu equipes a serviços mínimos e atrasou o trabalho de setores inteiros. 

Segundo o Space.com, muitos especialistas ficaram impedidos de acessar laboratórios, bancos de dados e sistemas internos essenciais para processar o material captado pelos telescópios. A pausa também atrasou cronogramas de revisão, validação e divulgação pública das imagens, criando um efeito dominó em outras etapas da pesquisa. Mesmo os setores que continuaram ativos tiveram de operar com menos suporte técnico e logístico, o que reduziu o ritmo de trabalho. Embora o processamento já tenha sido retomado, a interrupção deixou um atraso acumulado que a NASA ainda tenta compensar.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.