Roma: lutas entre gladiadores e felinos selvagens eram mais comuns que pensávamos

Um achado na atual região da Sérvia sugere que felinos selvagens também lutaram contra gladiadores fora do Coliseu
Vitoria Lopes Gomez19/11/2025 15h07
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(Imagem: Lee Fierro/Shutterstock)
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Os embates entre gladiadores e animais selvagens (principalmente felinos) em arenas são bem documentados em textos da Roma Antiga. Até agora, acreditava-se que esses confrontos se limitavam ao Coliseu, um símbolo do império e palco de grandes lutas.

Um estudo publicado nesta semana mostra que não é bem assim. Ossos de leopardo encontrados em uma arena na Sérvia sugerem que as lutas entre gladiadores e felinos selvagens acontecia também fora do Coliseu.

Antes do estudo, pesquisadores acreditavam que lutas com felinos aconteciam apenas no Coliseu (Imagem: Fran Villalba/Shutterstock)

Lutas entre gladiadores e animais selvagens era comum

Registros da Roma Antiga mostram que era comum que gladiadores enfrentassem feras no Coliseu de Roma, principalmente felinos – como leões, tigres e leopardos. Como lembrou o IFLScience, um relato de 55 a.C diz que uma das lutas organizadas pelo político romano Pompeu Magno teria envolvido 410 grandes felinos.

No entanto, até agora, os ossos dessas feras só tinham sido encontrados no Coliseu. Em arenas menores, fora de Roma, outros animais predominavam nas arenas, como ursos pardos ou javalis.

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Lutas entre gladiadores e animais foram bem documentadas na Roma Antiga (Imagem: Sergiy Palamarchuk/Shutterstock)

Ossos de leopardo encontrados fora de Roma

Uma descoberta relatada em estudo na Archaeological and Anthropological Sciences muda esse entendimento. A pesquisa encontrou um membro anterior de um leopardo macho no anfiteatro de Viminacium, na atual Sérvia.

A análise genética revelou que o animal veio da África – e não da Ásia, de onde sabia-se que os romanos importavam leopardos para lutar no Coliseu. Outra análise revelou que o espécime se alimentava de animais selvagens antes de ser capturado.

Segundo os pesquisadores, o leopardo é a “primeira evidência documentada dessa espécie de felino exótico de grande porte nas províncias romanas da Europa, sugerindo sua participação em venationes provinciais [batalhas de gladiadores]”.

O resto mortal do animal é datado de entre 240 e 350 d.C., e coincide com evidências vindas de outras províncias romanas, incluindo um esqueleto de gladiador do século III d.C. na Inglaterra, que teria sido mordido por um leão.

Arena na atual região da Sérvia também recebeu felinos (Imagem: Archaeological and Anthropological Sciences/Reprodução)

Luta entre leopardo e gladiador é uma das hipóteses

A pesquisa não conseguiu determinar como o leopardo chegou no local onde foi encontrado. Os autores sugerem que ele pode ter sido capturado pelo exército romano ou por um grupo de caçadores de animais selvagens do norte da África. Há vestígios de um possível recinto de animais em Viminacium, indicando que ele poderia ter ficado lá após a chegada.

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Já a teoria de que o leopardo teria lutado contra o gladiador é apenas uma hipótese:

  • Ele pode ter sido forçado a lutar contra o gladiador ou contra outro animal selvagem na arena;
  • Ainda, ele pode ter participado de um ritual de execução pública comum na época, chamada damnatio ad bestias;
  • Outra teoria é que o leopardo poderia ter sido treinado para realizar truques para uma plateia. A equipe acredita que essa hipótese é menos provável.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.