Com a Nvidia, Musk aposta na Arábia Saudita para turbinar a xAI; entenda

O data center da xAI (o maior fora dos EUA) teria GPUS da Nvidia; parceria abre caminho para Arábia Saudita comprar chips americanos
Pedro Spadoni19/11/2025 15h50
Rosto preto e branco de Elon Musk ao lado do logo da xAI exibido em um smartphone
(Imagem: Kemarrravv13/Shutterstock)
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A startup de inteligência artificial (IA) xAI, fundada por Elon Musk, anunciou nesta quarta-feira (19) a construção de um data center de 500 megawatts (MW) na Arábia Saudita, em parceria com a estatal de IA Humain. O projeto será alimentado por chips da Nvidia e se tornará a maior infraestrutura da empresa fora dos Estados Unidos.

A iniciativa marca um dos maiores investimentos sauditas em computação de IA, com o objetivo de transformar a capital Ríade num hub global do setor

O anúncio ocorreu durante um fórum de investimentos entre EUA e Arábia Saudita em Washington, com a presença do CEO da Nvidia, Jensen Huang, e discursos previstos do presidente Donald Trump e do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. 

A parceria abre caminho para o reino adquirir chips avançados dos EUA. E, no fim, turbinar sua estratégia de IA.

xAI aposta em computação massiva para escalar sua IA global

A construção do data center de 500 MW coloca a xAI em outro patamar na corrida por infraestrutura de computação para treinar modelos de IA. 

grok xAI
A xAI pretende usar mega data center na Arábia Saudita para acelerar o desenvolvimento do chatbot Grok (Imagem: Algi Febri Sugita/Shutterstock)

A potência anunciada supera a de muitos data centers usados hoje pelo setor. E chega a um consumo elétrico comparável ao necessário para abastecer centenas de milhares de residências. 

A empresa pretende usar essa capacidade para acelerar o desenvolvimento do Grok, chatbot criado para rivalizar com ChatGPT (OpenAI), Gemini (Google), Claude (Anthropic).

O projeto será abastecido principalmente por GPUs da Nvidia, tratadas pelo mercado como “padrão ouro” para treinar e operar modelos avançados de IA. 

A dependência desses chips reforça a disputa global por semicondutores e ajuda a explicar por que Musk tem buscado acordos estratégicos fora dos Estados Unidos. 

O CEO da Humain, Tareq Amin, disse que a escala anunciada “poucos outros podem igualar”, segundo o jornal The New York Times.

Durante o anúncio, Musk chegou a errar o número, mencionando 500 gigawatts antes de corrigir para megawatts. Depois, brincou que a construção exagerada custaria “oito bazilhões de trilhões de dólares”.

Arábia Saudita usa chips e energia barata para virar potência de IA

A parceria com a xAI aprofunda a estratégia saudita de se posicionar como polo global de computação de IA

Pessoas da Arábia Saudita participando de evento de tecnologia
O plano da Arábia Saudita é se posicionar como polo global de computação de IA (Imagem: Arnold O. A. Pinto/Shutterstock)

O governo vem usando seu fundo soberano de US$ 1 trilhão, reservas de energia baratas, grandes extensões de terra e acesso a redes internacionais de fibra óptica para oferecer infraestrutura em grande escala. 

O objetivo declarado da Humain, criada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman em maio, é alimentar 6% da carga global de IA nos próximos anos.

O novo acordo também evidencia a dimensão geopolítica dos chips. Até agora, a Arábia Saudita esbarrava em restrições americanas para adquirir chips avançados, por causa de suas conexões tecnológicas com a China. 

A administração Trump, porém, deve liberar a venda de GPUs da Nvidia especificamente para a Humain, com salvaguardas para impedir que a tecnologia beneficie Pequim. O anúncio com Musk, portanto, não é só um negócio. É um gesto diplomático dos EUA para reaproximar o reino.

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A movimentação saudita acontece num momento em que outros países do Golfo também buscam protagonismo na infraestrutura de IA. A OpenAI, por exemplo, se aliou à MGX e à G42, em Abu Dhabi, para construir um data center regional. Já a Anthropic recebeu investimentos do fundo soberano do Catar. 

A Nvidia também aproveitou o evento para anunciar um projeto de 100 MW com a Amazon Web Services “com ambição de gigawatt”, enquanto AMD, Cisco e Humain criaram uma joint venture que promete até 1 GW de capacidade até 2030. O Oriente Médio, antes marcado por petróleo, agora disputa a computação que energiza a IA.

(Essa matéria também usou informações da Bloomberg e do Wall Street Journal.)

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.