Comportamento surpreendente de lobos desafia cientistas no Canadá

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Imagens registradas na Colúmbia Britânica podem representar o primeiro caso documentado de lobos selvagens usando ferramentas – ou algo muito próximo disso.

Os vídeos mostram dois animais puxando as cordas de armadilhas para caranguejos a fim de acessar iscas, um comportamento que revela alto nível de cognição, embora especialistas ainda debatam se isso se encaixa, tecnicamente, na definição de uso de ferramenta.

Lobos ainda temem humanos, mostra estudo feito em floresta da Polônia — *Pesquisadores analisam se habilidade observada deve ou não ser classificada como uso de ferramenta (Imagem: Volodymyr Burdiak / Shutterstock)*

Cenas inéditas à beira-mar

O comportamento foi observado pela primeira vez em 2023, quando guardiões da Nação Indígena Haíɫzaqv instalaram armadilhas perto de Bella Bella para conter a invasão do caranguejo-verde europeu.
As iscas passaram a aparecer danificadas, e as suspeitas recaíram inicialmente sobre lontras ou pinípedes.
Câmeras instaladas entre 28 e 30 de maio de 2024 revelaram outra realidade. Em 29 de maio, uma loba foi filmada nadando até a boia de uma armadilha submersa, arrastando a corda até a praia e puxando o equipamento até o fazer emergir.
Só então ela acessou a isca. Para os cientistas, a sequência indica que o animal reconheceu a conexão entre boia, corda e armadilha invisível – e soube operá-las em ordem para alcançar o objetivo.

Leia mais:

*Câmeras instaladas por pesquisadores indígenas capturaram comportamento que desafia definições clássicas de cognição animal – Imagem: Pat-s pictures/Sshutterstock*

Inteligência notável, mas o debate continua

Outro registro, feito em fevereiro de 2025, mostra um segundo lobo puxando a corda de uma armadilha parcialmente submersa, comportamento descrito pelos pesquisadores como “intencional” e baseado em “compreensão causal”.

Ainda assim, permanece a dúvida: isso é uso de ferramenta? Como os lobos não montaram o equipamento, alguns especialistas resistem a classificá-lo assim. Mesmo assim, os autores defendem que o nível de habilidade observado merece reconhecimento e destaca a inteligência desses animais.

O estudo, onde é possível assistir aos vídeos, foi publicado na revista Ecology and Evolution.