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A parceria mais antiga já registrada entre humanos e um cão doméstico pode ter ocorrido em uma caverna italiana durante o Paleolítico Superior.
Pesquisadores afirmam que pegadas fossilizadas encontradas na Gruta da Bàsura, no noroeste da Itália, mostram que um grupo de humanos entrou no local acompanhado de um grande canídeo — evidência direta inédita de convivência próxima entre as duas espécies.

Pegadas sobrepostas revelam interação em tempo real
- Foram identificadas 25 pegadas caninas preservadas em diferentes câmaras da caverna. Em várias delas, marcas de patas se sobrepõem às impressões humanas — e vice-versa — indicando que ambos avançaram juntos pela escuridão subterrânea.
- “A sobreposição recíproca entre pegadas humanas e caninas fornece provas inequívocas de sua contemporaneidade e, portanto, de sua estreita relação”, explicou Marco Romano, professor de Paleontologia da Universidade Sapienza de Roma.
- “Pela primeira vez, podemos observar não apenas a presença do cão ao lado dos humanos, mas um momento preciso de interação, cristalizado nas pegadas”, completou o professor.
- Usando técnicas como fotogrametria, morfometria e comparações com quase mil pegadas modernas, os cientistas concluíram que todas pertenciam a um único cão adulto de grande porte, com cerca de 40 quilos e 70 centímetros de altura.

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O “aliado perfeito” em uma caverna habitada por ursos
As análises mostram que o animal acompanhou o grupo até as áreas mais profundas da gruta, possivelmente oferecendo proteção contra grandes predadores, como ursos que viviam no local. Isso era especialmente relevante porque parte das pegadas humanas é de crianças.
Segundo o pesquisador Federico De Sario, “já no Pleistoceno Superior, os cães eram companheiros confiáveis, úteis para explorar ambientes perigosos e provavelmente essenciais para proteção”.
O estudo foi publicado na revista Quaternary Science Reviews.
