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Nos Estados Unidos, diversos executivos, especialistas e funcionários do governo vêm realizando afirmações de que a China é uma inimiga do avanço rápido dos Estados Unidos no setor de inteligência artificial. No entanto, uma reportagem recente do The New York Times mostra que, na verdade, o que acontece é o contrário do que afirmam essas pessoas.
Os grandes talentos surgidos na China ainda são os principais responsáveis por impulsionar a tecnologia. Uma das informações que comprovam essa afirmação vem de um memorando ao qual o New York Times teve acesso referente ao Laboratório de Superinteligência da Meta.
Nele, consta que, dos 11 pesquisadores de inteligência artificial nomeados para o projeto que visa criar uma máquina mais poderosa do que o cérebro humano, sete nasceram na China.
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(Imagem: SmileStudioAP/iStock)
Estudos comprovam importância de talentos nascidos na China
A reportagem do jornal americano ainda destacou dois estudos que mostram que pesquisadores nascidos e formados na China vêm sendo fundamentais há muito tempo em laboratórios de inteligência artificial avançados nos EUA. Além disso, eles seguem desempenhando trabalhos voltados à IA na indústria e academia.
Em 2020, um estudo elaborado pelo Instituto Paulson, responsável por promover relações construtivas entre a China e os EUA, trouxe a estimativa de que os pesquisadores chineses de IA são responsáveis por cerca de um terço dos melhores talentos de IA do mundo, sendo que a maioria trabalhava para universidades e empresas americanas.
Recentemente, a Carnegie Endowment for International Peace realizou um estudo que revelou que a maior parte dos pesquisadores chineses seguem atuando em instituições americanas.

Em 2019, havia 100 pesquisadores nascidos na China e que estavam trabalhando em empresas e universidades americanas, três anos antes da chegada do ChatGPT. Atualmente, 87 continuam sendo profissionais no país.
Ao The New York Times, Matt Sheehan, analista que colaborou com os dois estudos, afirmou que o setor de IA nos EUA é que mais se beneficia dos chineses. “Ele atrai muitos pesquisadores de alto nível da China que vêm trabalhar nos EUA, estudar nos EUA e, como este estudo mostra, permanecer nos EUA, apesar de todas as tensões e obstáculos que enfrentaram nos últimos anos.”
Colaboração entre as duas nações
Outro estudo citado na reportagem foi o da alphaXiv, empresa que ajuda no acompanhamento e utilização das pesquisas mais recentes em IA. Ele traz o fato de que, desde 2018, a pesquisa com colaboração entre os EUA e China acontece de maneira muito mais frequente do que com quaisquer outras nações.

Medo referente ao roubo de informações no Vale do Silício
Existe um medo de que chineses possam roubar segredos de empresas americanas no Vale do Silício e compartilhá-los com o governo chinês. Esse tipo de temor possui fundamento, pois existe um caso em que hackers invadiram os sistemas internos de mensagens da OpenAI e roubaram informações referentes ao design das tecnologias da empresa.
No entanto, analistas, como o Sr. Sheehan, afirmam que esse risco é superado pelos benefícios de contratar os talentos chineses. Além disso, há o temor de que uma possível repressão aos profissionais da China, colocada em prática pelo governo Trump, prejudique a pesquisa americana.
Helen Toner, diretora-executiva interina do Centro de Segurança e Tecnologias Emergentes da Universidade de Georgetown, afirmou que isso “é visto como uma ameaça real à vantagem das empresas americanas em IA”.
Colaborações entre empresas americanas e organizações chinesas
Segundo o alphaXiv, a Meta colaborou com organizações chinesas em, no mínimo, 28 importantes artigos de pesquisa desde 2018. Empresas como Google, Intel, Apple e Salesforce também têm colaborado com companhias da China no mesmo período. A Microsoft é a que mais colaborou, tendo créditos em pelo menos 92 artigos.
Dificuldade para os chineses nos EUA
Segundo o New York Times, chineses dizem que está mais difícil obter visto para estudar e trabalhar nos EUA. Eles possuem medo de sair do país e não conseguirem retornar.
Todavia, o estudo da Carnegie Endowment mostra que alguns pesquisadores chineses voltaram a instituições na China depois de passagens por empresas nos EUA.
Em meio a isso, é possível notar um aumento das tensões nesse cenário. Em outubro, por exemplo, o chinês Yao Shunyu disse ter saído da Anthropic, de São Francisco, para atuar no Google, muito devido aos executivos da empresa terem classificado a China como uma séria ameaça à segurança.