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A Terra foi surpreendida por uma tempestade solar silenciosa em 20 de novembro, um evento que chegou sem aviso prévio e pode ter contribuído para a formação de auroras em latitudes médias. Embora não tenha provocado uma tempestade geomagnética, o fenômeno reforça sinais de que o Sol está entrando na fase de declínio do seu ciclo de 11 anos, período marcado por mudanças na atividade magnética da estrela. As informações são do portal Space.com.
O que são tempestades solares furtivas
As chamadas stealth CMEs — ejeções de massa coronal furtivas — são particularmente difíceis de detectar. Diferentemente das CMEs tradicionais, que aparecem de forma clara em dados solares com explosões, loops brilhantes ou alterações visíveis em luz ultravioleta extrema, essas versões silenciosas passam despercebidas. Elas são fracas, lentas, não produzem clarões e quase nunca surgem com sinais evidentes em coronógrafos.

Por isso, muitas vezes só são identificadas após alcançarem a Terra, quando alteram o comportamento do vento solar. Foi exatamente o que ocorreu em 20 de novembro, quando especialistas da NOAA observaram que o vento solar apresentava um fluxo acelerado e um possível “transiente incorporado”, indício de uma CME furtiva.
Impactos observados na Terra
A chegada da tempestade solar provocou mudanças momentâneas nos parâmetros do vento solar. O campo magnético transportado pelo fluxo saltou de valores típicos entre 4 e 6 nanoteslas para 18 nanoteslas. Já a velocidade do vento solar permaneceu elevada, entre 400 e 500 km/s, acima do padrão registrado nas proximidades da Terra.
Stealthy #solarstorms are back! It may seem counterintuitive since we just had a near G5, but we just had an early sign of Solar Minimum's approach! Right now, a true "Stealth CME" is passing over Earth. They are stealthy because they have no signature in on-disk or coronagraph… pic.twitter.com/a1eZClpeSF
— Dr. Tamitha Skov (@TamithaSkov) November 20, 2025
Essas condições contribuíram para auroras vistas durante a noite em regiões de latitude média, como Maine, nos Estados Unidos, e partes da Dinamarca. A combinação da CME furtiva com um fluxo de vento solar de alta velocidade oriundo de um buraco coronal ajudou a ampliar ligeiramente a faixa onde as luzes puderam ser observadas.
Por que tempestades furtivas são um desafio
Esses eventos intrigam pesquisadores por diversos motivos:
- São difíceis de rastrear por não exibirem sinais claros;
- Costumam surgir em áreas consideradas “calmas” do Sol;
- Podem gerar assinaturas magnéticas fortes mesmo sem evidências visíveis;
- Exigem observações em múltiplos comprimentos de onda e vários ângulos.
Aurora is visible into mid latitudes over North America right now – this is the view from Maine. Beautiful red and sunlit blue/purple rays and pillars. Note the Big Dipper sitting over the northern horizon. pic.twitter.com/6huxCPzjsX
— Jure Atanackov (@JAtanackov) November 20, 2025
Aurora tonight 20/11 23:30 CET near Hobro in Denmark. pic.twitter.com/eQhBlP1Gh8
— Mikhaël Vervoort (@HaelVoort) November 20, 2025
Uma pesquisa de 2021 reforça que essas CMEs representam um obstáculo significativo para previsões de clima espacial. Elas tendem a aparecer mais frequentemente na fase final do ciclo solar, quando o campo magnético do Sol está mais fraco e simples.
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Para a física espacial Tamitha Skov, o episódio indica uma mudança importante: mesmo após eventos recentes de alta intensidade geomagnética, sinais do futuro mínimo solar já começam a surgir.