Tempestade solar silenciosa atinge a Terra e antecipa ‘virada’ no ciclo estelar

Tempestade solar silenciosa alterou o vento solar e contribuiu para auroras incomuns em latitudes médias. Entenda.
Por Maurício Thomaz, editado por Bruno Capozzi 21/11/2025 20h45
Evento solar silencioso altera vento solar e gera auroras em latitudes médias
Evento solar silencioso altera vento solar e gera auroras em latitudes médias (Imagem: muratart / Shutterstock)
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A Terra foi surpreendida por uma tempestade solar silenciosa em 20 de novembro, um evento que chegou sem aviso prévio e pode ter contribuído para a formação de auroras em latitudes médias. Embora não tenha provocado uma tempestade geomagnética, o fenômeno reforça sinais de que o Sol está entrando na fase de declínio do seu ciclo de 11 anos, período marcado por mudanças na atividade magnética da estrela. As informações são do portal Space.com.

O que são tempestades solares furtivas

As chamadas stealth CMEs — ejeções de massa coronal furtivas — são particularmente difíceis de detectar. Diferentemente das CMEs tradicionais, que aparecem de forma clara em dados solares com explosões, loops brilhantes ou alterações visíveis em luz ultravioleta extrema, essas versões silenciosas passam despercebidas. Elas são fracas, lentas, não produzem clarões e quase nunca surgem com sinais evidentes em coronógrafos.

Ilustração da Terra ao lado do Sol no espaço
Embora não tenha provocado uma tempestade geomagnética, o fenômeno reforça sinais de que o Sol está entrando na fase de declínio do seu ciclo de 11 anos (Imagem: Mike_shots/Shutterstock)

Por isso, muitas vezes só são identificadas após alcançarem a Terra, quando alteram o comportamento do vento solar. Foi exatamente o que ocorreu em 20 de novembro, quando especialistas da NOAA observaram que o vento solar apresentava um fluxo acelerado e um possível “transiente incorporado”, indício de uma CME furtiva.

Impactos observados na Terra

A chegada da tempestade solar provocou mudanças momentâneas nos parâmetros do vento solar. O campo magnético transportado pelo fluxo saltou de valores típicos entre 4 e 6 nanoteslas para 18 nanoteslas. Já a velocidade do vento solar permaneceu elevada, entre 400 e 500 km/s, acima do padrão registrado nas proximidades da Terra.

Essas condições contribuíram para auroras vistas durante a noite em regiões de latitude média, como Maine, nos Estados Unidos, e partes da Dinamarca. A combinação da CME furtiva com um fluxo de vento solar de alta velocidade oriundo de um buraco coronal ajudou a ampliar ligeiramente a faixa onde as luzes puderam ser observadas.

Por que tempestades furtivas são um desafio

Esses eventos intrigam pesquisadores por diversos motivos:

  • São difíceis de rastrear por não exibirem sinais claros;
  • Costumam surgir em áreas consideradas “calmas” do Sol;
  • Podem gerar assinaturas magnéticas fortes mesmo sem evidências visíveis;
  • Exigem observações em múltiplos comprimentos de onda e vários ângulos.

Uma pesquisa de 2021 reforça que essas CMEs representam um obstáculo significativo para previsões de clima espacial. Elas tendem a aparecer mais frequentemente na fase final do ciclo solar, quando o campo magnético do Sol está mais fraco e simples.

Leia mais:

Para a física espacial Tamitha Skov, o episódio indica uma mudança importante: mesmo após eventos recentes de alta intensidade geomagnética, sinais do futuro mínimo solar já começam a surgir.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.