Siga o Olhar Digital no Google Discover
A tecnologia está transformando a rotina das fazendas nos Estados Unidos — e, por que não, no Brasil também — e abrindo espaço para novos profissionais. Do manejo do solo ao controle de pragas, tarefas antes exaustivas agora são executadas com softwares, sensores e muita inteligência artificial.
Esse movimento já redesenha o trabalho agrícola ao torná-lo mais eficiente, econômico e atrativo para jovens interessados em tecnologia, e não apenas em funções intensas de trabalho manual, explica o The Washington Post.
Robôs, lasers e drones ganham espaço no campo
Nas fazendas, o impacto da automação já é claro. Em Phoenix, por exemplo, um operador usando apenas um iPad controla o Laser Weeder, máquina com IA da Carbon Robotics acoplada a um trator. Ela identifica e elimina ervas daninhas com precisão milimétrica, iluminando o solo como “uma fotocopiadora piscante”, como descrevem os agricultores.
“É como Guerra nas Estrelas”, resume a gerente da Duncan Family Farms, Courtney Boyer. E o LaserWeeder é só uma das muitas ferramentas que estão chegando ao campo.
Com drones, sensores e softwares avançados, tarefas que antes exigiam equipes grandes agora são feitas com poucos toques. Em algumas operações, processos que antes dependiam de várias pessoas são concluídos rapidamente por sistemas automatizados.
Como a IA faz isso?
- Redução do uso de pesticidas e fertilizantes;
- Coleta de dados em tempo real por drones;
- Inspeções de solo mais rápidas e precisas;
- Mais eficiência na aplicação de produtos químicos;
- Abertura de novas funções técnicas, como operadores de drones e engenheiros de automação.
Nova geração se anima com tecnologia no campo
Para pesquisadores e educadores, a IA pode ser determinante para aproximar jovens da agricultura. Segundo Jordan Jobe, do Instituto AgAID, a mão de obra é “a maior queixa” dos produtores. Ele atua junto ao programa Future Farmers of America para apresentar a tecnologia agrícola a estudantes.
A IA criará novos tipos de empregos, diferentes tipos de empregos. [O trabalho agrícola evoluirá de] trabalho manual árduo e exaustivo para gerenciar um enxame de robôs.
Madhu Khana, professora de economia ambiental e diretora do Centro de Economia da Sustentabilidade da Universidade de Illinois, ao The Washington Post.
E o efeito já aparece: enquanto gerações mais velhas mostram desconfiança, alunos do ensino médio costumam ficar animados ao ver drones, robótica e modelos de aprendizado de máquina funcionando na prática.
Cody Wadsworth, 35 anos, faz parte dessa nova turma. Ele usa drones que voam a poucos metros do chão, aplicando produtos químicos com precisão muito maior do que aviões agrícolas tradicionais.
Precisão, sustentabilidade e o futuro da alimentação
Empresas como a TerraBlaster, liderada por Jorge Heraud, desenvolvem acessórios com lasers e IA para analisar nutrientes diretamente no trator. Heraud explica que o sistema “reconhece o solo como um iPhone reconhece seu rosto”, tornando a aplicação de herbicidas muito mais precisa e reduzindo seu uso de três a cinco vezes.
Leia mais:
- Relatório revela aumento de 25% no consumo global de água no período de 20 anos
- Anvisa autoriza pesquisas com Cannabis pela Embrapa
- Crise climática ameaça produção de chocolate e café
Essa precisão abre espaço para reverter danos ambientais, diminuir desperdícios e aumentar a produtividade, algo essencial em um mundo que pode chegar a quase 10 bilhões de habitantes até 2050.
Mas a expansão da IA também traz desafios: alto consumo de energia nos data centers, preocupações éticas, privacidade e impactos no mercado de trabalho. Ainda assim, especialistas consideram a tendência inevitável, já que os ganhos de eficiência superam, por enquanto, os riscos.
Tags:
