Por que as montadoras buscam motores sem terras raras da China? Entenda

Montadoras testam motores sem terras raras e exploram materiais exóticos para reduzir dependência da China e garantir produção
Por Valdir Antonelli, editado por Layse Ventura 25/11/2025 05h00
metais raros
As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos (Imagem: wildpixel/iStock)
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Cansadas de depender da geopolítica e de suprimentos instáveis, montadoras nos EUA e na Europa estão correndo atrás de alternativas para os ímãs de terras raras usados em motores elétricos. A China domina a extração e o processamento desses metais, tornando o fornecimento um risco estratégico.

BMW, GM e startups testam motores que não utilizam neodímio, disprósio ou térbio, enquanto pesquisadores tentam criar materiais exóticos e sintéticos, incluindo compostos encontrados em meteoritos. O objetivo é manter a produção, reduzir custos e tornar a tecnologia mais resiliente, mesmo diante de crises globais e tensões geopolíticas, segundo o The New York Times.

A corrida por alternativas às terras raras visa garantir produção contínua e proteger a indústria de crises globais.
A corrida por alternativas às terras raras visa garantir produção contínua e proteger a indústria de crises globais. Imagem: Fellipe Abreu/iStock

Novas tecnologias e materiais

As montadoras buscam materiais e tecnologias capazes de substituir os ímãs de terras raras, presentes em diversas peças, como motores de limpadores de para-brisa e mecanismos de ajuste de bancos.

Ímãs feitos de neodímio, disprósio e térbio são cruciais para motores de veículos elétricos e híbridos, cada vez mais populares. A China tem usado seu quase monopólio desses metais como arma diplomática. Este ano, impôs restrições a algumas exportações, em retaliação às tarifas elevadas do governo Trump sobre produtos chineses.

Este ano, Pequim restringiu exportações em retaliação às tarifas elevadas do governo Trump sobre produtos chineses.
Este ano, Pequim restringiu exportações em retaliação às tarifas elevadas do governo Trump sobre produtos chineses. Imagem: superbeststock/Shutterstock

Uma corrida por alternativas

A instabilidade no fornecimento deu urgência à busca por motores que funcionem sem terras raras ou por substitutos eficazes:

  • Startups, como a Conifer, desenvolvem motores compactos que funcionam sem esses metais, inicialmente para veículos de duas rodas.
  • Pesquisadores da Northeastern University sintetizam materiais magnéticos exóticos, como a tetrataenita, encontrada em meteoritos.
  • O Departamento de Energia apoia pesquisas e incentiva o uso de inteligência artificial para acelerar a descoberta de novos ímãs.

“Este não é um desafio que se resolve em um ano”, alerta Gracelin Baskaran, diretora do Programa de Segurança de Minerais Críticos do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

a BMW aposta em motores que dispensam neodímio ou outros elementos raros, criando correntes elétricas capazes de gerar o campo magnético necessário para movimentar o carro
A BMW aposta em motores que dispensam neodímio ou outros elementos raros, criando correntes elétricas capazes de gerar o campo magnético necessário para movimentar o carro. Imagem: Tobias Arhelger/Shutterstock

A busca por segurança e independência

As montadoras seguem duas estratégias: procurar terras raras fora da China ou desenvolver componentes que não precisem desses metais.

A GM, em parceria com a MP Materials, extrai terras raras na Califórnia e constrói uma refinaria no Texas. Já a BMW aposta em motores que dispensam neodímio ou outros elementos raros, criando correntes elétricas capazes de gerar o campo magnético necessário para movimentar o carro.

Não há como não precisar usar elementos de terras raras, sejam ímãs, baterias ou qualquer outra coisa. Como podemos eliminar essa dependência?

Mark Reuss, presidente da GM, ao NYT.

O futuro dos motores sem terras raras

No Vale do Silício, a startup Conifer criou motores compactos em formato de disco, sem necessidade de terras raras, inicialmente para veículos de duas rodas, com planos de produção para carros.

Leia mais:

“A demanda não é um problema. Nosso principal desafio é como escalar a produção rapidamente”, comenta Ankit Somani, cofundador da Conifer.

Pesquisadores também exploram alternativas como a tetrataenita sintética, feita de ferro e níquel. O governo Trump oferece até US$ 3 milhões (R$ 16 milhões) em subsídios para o desenvolvimento de ímãs mais potentes, usando inteligência artificial. Apesar dos avanços, a produção em larga escala ainda está distante.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.