Influenciadores viram alvo de operação contra balões ilegais em São Paulo

Operação derrubou perfis que promoviam solturas de balões, apreendeu explosivos e congelou contas ligadas ao mercado clandestino
Pedro Spadoni25/11/2025 11h48
Policias durante Operação Bancada, que mirou influenciadores e esquema de balões ilegais em São Paulo
(Imagem: Governo de SP)
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A Polícia Militar Ambiental e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagraram, na manhã desta terça-feira (25), a Operação Bancada, contra influenciadores e grupos especializados na fabricação e soltura ilegal de balões no estado. 

A ação mira crimes cibernéticos, páginas que lucram com a promoção da prática e toda a cadeia logística que abastece o mercado clandestino dos baloeiros. Ao todo, 31 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos na capital e na região metropolitana.

A operação foi deflagrada após a explosão que matou o baloeiro Adir Mariano, em 13 de novembro, durante o armazenamento ilegal de fogos de artifício no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Ele respondia por crimes ambientais e seria um dos alvos da investigação, caso estivesse vivo. 

A Lei de Crimes Ambientais proíbe fabricar, guardar, transportar ou soltar balões, prática que coloca em risco vidas, áreas urbanas e florestais, além de representar ameaça a aeronaves.

Operação desarticula cadeia logística de balões ilegais e bloqueia páginas nas redes

Segundo a polícia, ao menos 170 agentes participam da Operação Bancada. O foco é atingir, simultaneamente, os responsáveis pela produção, pelo transporte, pela soltura e pela recuperação dos balões após o pouso, etapa considerada estratégica para manter o ciclo criminoso ativo.

Policial segurando um dos balões apreendidos na Operação Bancada
O balanço parcial da operação apontava a apreensão de 11 balões, 34 artefatos explosivos, 15 celulares e dois veículos na manhã desta terça-feira, 25 (Imagem: Governo de SP)

A investigação identificou 28 suspeitos, cujos nomes não foram divulgados. Segundo as autoridades, as defesas ainda não foram localizadas neste estágio da operação. 

Esses alvos compõem diferentes etapas da cadeia criminosa, desde quem confecciona os balões de grande porte até quem monetiza conteúdos digitais para incentivar a prática. 

Além das ações presenciais de busca e apreensão, o Poder Judiciário determinou o bloqueio de contas e páginas em redes sociais, suspendendo perfis que promoviam e lucravam com a atividade. 

A medida afeta também sistemas de monetização que recompensam engajamento em plataformas digitais, o que atinge diretamente influenciadores que transformavam o crime ambiental em conteúdo lucrativo.

Até 10h desta terça, após 15 mandados finalizados, o balanço parcial apontava a apreensão de 11 balões, 34 artefatos explosivos, 15 celulares e dois veículos, além da aplicação de R$ 120 mil em multas, segundo o Estadão e a CNN Brasil

A maior concentração de materiais ilegais foi registrada na Rua Mourão Vieira, na Casa Verde, zona norte da capital, região já conhecida entre investigadores como polo desse tipo de atividade. 

A operação segue em andamento e novos números podem ser divulgados ao longo do dia.

Influenciadores lucram com crime ambiental e usam redes para impulsionar atividade, segundo investigação

A investigação que levou à Operação Bancada foi conduzida ao longo de seis meses, com foco na relação entre a atividade criminosa e sua promoção digital, informou o governo do estado de São Paulo

Local que vendia balões investigado em Operação Bancada, da polícia de São Paulo
Ao longo de seis meses, a investigação que levou à Operação Bancada focou na relação entre a soltura criminosa de balões e a promoção desta atividade na internet (Imagem: Governo de SP)

Nesse período, os investigadores identificaram grupos responsáveis pela confecção, soltura e recuperação de balões de grande porte. O trabalho da polícia ambiental também apontou quem fortalece o mercado clandestino a partir da visibilidade online.

Segundo o MPSP, as páginas suspensas “eram mantidas em redes sociais para divulgação da prática ilícita, o que permitia a monetização dessa atividade danosa à sociedade, incentivando outras pessoas a praticarem esse tipo de delito”. 

Esses perfis exibiam balões de grande porte, mostravam procedimentos de fabricação e ainda celebravam solturas clandestinas. A monetização ocorria tanto por visualizações e patrocínios quanto pela comercialização clandestina de balões.

Leia mais:

A prática é enquadrada na Lei de Crimes Ambientais, que prevê punição para fabricar, armazenar, transportar ou soltar balões, justamente pelo risco que eles representam. 

Para você ter ideia, soltar um balão pode causar incêndios urbanos e florestais, atingir áreas residenciais ou provocar acidentes aéreos.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.