Mutação genética rara em pessoas com síndrome de Down pode proteger contra o Alzheimer

Pesquisadores identificam variante genética que fortalece células imunológicas do cérebro e aponta para novas terapias mais eficazes
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Layse Ventura 25/11/2025 05h23
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Imagem: Antonio Marca/Shutterstock
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Um estudo conduzido pelo neurocientista Peng Jiang, da Universidade Rutgers, e pela colega Mengmeng Jin, pode transformar o modo como a ciência encara o tratamento do Alzheimer.

A pesquisa, publicada na Nature Neuroscience, destaca uma mutação genética rara que parece proteger as células imunológicas do cérebro contra danos típicos da doença.

“É um grande avanço”, afirmou Jiang. “Em vez de buscar apenas mutações que aumentam o risco, estamos procurando aquelas que conferem resiliência.” A mudança reflete uma tendência crescente na pesquisa: fortalecer o sistema de defesa do cérebro, e não apenas remover proteínas tóxicas.

Doença Alzheimer
Cientistas descobrem mutação que resiste ao Alzheimer – Imagem: PeopleImages/Shutterstock

Primeiros passos para a descoberta

  • A inspiração veio de um enigma clínico.
  • Pessoas com síndrome de Down, que quase sempre desenvolvem Alzheimer precoce, apresentam um pequeno subgrupo que nunca manifesta demência – apesar de acumularem as mesmas proteínas nocivas.
  • Isso levou os cientistas à mutação CSF2RB A455D, encontrada nas células imunológicas de alguns desses indivíduos.

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Estudo revela mutação protetora encontrada em poucas pessoas e mostra como ela impede danos típicos da doença em testes com cérebros de camundongos (Imagem: SewCreamStudio/Shutterstock)

Resultados em modelos vivos e potencial terapêutico

Para entender seu impacto, a equipe criou micróglia humana com a mutação e a implantou no cérebro de camundongos. Os resultados impressionaram: as células mutantes permaneceram jovens, evitaram inflamação prolongada e foram mais eficientes ao remover proteínas tóxicas.

Quando colocadas ao lado de micróglia comum, gradualmente assumiram o controle, revitalizando o sistema imunológico cerebral.

O achado abre espaço para novas terapias. Uma possibilidade é transplantar micróglia modificada diretamente no cérebro de pacientes. Outra é usar terapia gênica para inserir a mutação nas células já existentes, reforçando sua capacidade de defesa.

Para Jiang, trata-se de aprender com a própria natureza: “Estamos aproveitando uma mutação natural para fins terapêuticos.”

Alteração rara encontrada em pessoas com síndrome de Down pode inspirar terapias que reforçam o sistema de defesa do cérebro – Imagem: Sergey Nivens/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.