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Sabe aquela dorzinha chata, pulsante, que parece transformar o ouvido em um tambor? Pois é, ela tem nome, e é uma velha conhecida dos consultórios médicos: a otite. Embora seja frequentemente associada às crianças se queixando depois da natação, essa condição não escolhe idade e pode derrubar um adulto se não for tratada com o devidamente.
Mas, antes de correr para a farmácia ou colocar azeite morno no ouvido (spoiler: não faça isso!), é preciso entender o que realmente está acontecendo lá dentro.
Tudo que você precisa saber sobre otite
O termo “otite” refere-se à inflamação do ouvido (na medicina, o sufixo “ite” quase sempre denuncia uma inflamação). No entanto, essa inflamação raramente aparece sozinha, ela costuma ser a resposta do corpo a uma invasão.
A ordem dos fatores aqui altera o produto: geralmente, o processo começa com uma infecção (causada por vírus ou bactérias) que, por sua vez, desencadeia a resposta inflamatória, gerando dor, inchaço e acúmulo de fluidos.
Para entender melhor a anatomia:

Segundo as diretrizes médicas detalhadas pelo Manual MSD, uma das referências globais mais respeitadas em informação médica, a otite média aguda é definida como uma infecção bacteriana ou viral do ouvido médio que acompanha, normalmente, um resfriado comum. Ou seja: os microrganismos entram, fazem a festa, e o seu corpo inflama a região para tentar expulsá-los.
Onde a otite se esconde e os tipos mais comuns
O ouvido não é apenas o buraco onde colocamos os fones. Ele é dividido em três partes, e a otite muda de nome dependendo de onde ela se instala. De acordo com a equipe de especialistas do Hospital Israelita Albert Einstein, a classificação é geográfica:
- Otite externa: é aquela que ocorre na “porta de entrada”, no canal que liga a orelha ao tímpano. É a famosa “otite de nadador”, causada frequentemente pelo contato com água contaminada ou excesso de umidade.
- Otite média: acontece atrás do tímpano. É a mais comum e geralmente está ligada a problemas respiratórios.
- Otite interna: atinge a parte mais profunda (o labirinto), sendo mais grave e podendo afetar o equilíbrio.
Os vilões do dia a dia: cotonetes e fones
Você pode estar “convidando” a otite para entrar sem saber. O uso de hastes flexíveis (cotonetes) é um hábito condenado pela maioria dos otorrinolaringologistas. Ao tentar limpar, você pode empurrar a cera para o fundo (criando uma rolha que retém bactérias) ou causar microlesões na pele sensível do canal auditivo. Essas pequenas feridas são a porta de entrada perfeita para germes, transformando uma simples limpeza em uma otite externa.

O uso prolongado de fones de ouvido (especialmente os intra-auriculares) também cria um ambiente quente e úmido, ideal para a proliferação de fungos e bactérias.
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Sintomas de otite
Como saber se é uma otite ou apenas um desconforto passageiro? O corpo dá sinais claros. Os principais sintomas da otite incluem dor de ouvido intensa, febre, diminuição da audição e secreção. Em crianças pequenas, que ainda não sabem falar onde dói, a irritabilidade excessiva, o choro constante e o hábito de levar a mão à orelha são alertas vermelhos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito através da otoscopia, aquele exame em que o médico usa um aparelho com luz para “espiar” dentro do seu ouvido e verificar se o tímpano está vermelho ou abaulado.
Sobre o tratamento, uma informação importante trazida pelo Manual MSD é que nem toda otite precisa de antibióticos imediatamente. Muitas infecções são virais e se resolvem sozinhas. O tratamento foca frequentemente no alívio da dor com analgésicos, e antibióticos são reservados para casos bacterianos ou mais graves.
Por que as crianças sofrem mais com otite?
Se você tem a impressão de que crianças têm otite o tempo todo, você está certo. Isso ocorre por uma questão de encanamento biológico: a Tuba Auditiva (canal que liga o ouvido ao nariz) nas crianças é mais horizontal e curta, facilitando a subida de vírus e bactérias da garganta para o ouvido.
Atenção: esse conteúdo tem caráter informativo e não substitui a consulta médica. Ao sentir dores persistentes, procure um otorrinolaringologista.