Fósseis de milhões de anos de uma criatura desconhecida tem “GPS biológico”

Essa pode ser a primeira vez que serão apresentadas evidências de que os animais se locomoviam há milhões de anos utilizando esse método
Por Matheus Chaves, editado por Bruno Capozzi 28/11/2025 06h40
Fósseis
Foto de um magnetofóssil detectado pelos pesquisadores (Crédito da imagem: Dr. CM Martin-Jones)
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Pesquisadores da Universidade de Cambridge e do Helmholtz-Zentrum Berlin estão estudando minúsculos fósseis de 97 milhões de anos, encontrados no fundo do oceano, que apresentam o “GPS biológico”, chamado de magnetorecepção, um método utilizado por animais como tartarugas e pássaros para se conectar com o campo magnético da Terra e saber o caminho que deve seguir.

O objetivo de estudar esses fósseis antigos é justamente entender como funciona o processo de magnetorecepção. Co-líder da pesquisa, Rich Harrison, do Departamento de Ciências da Terra de Cambridge, em um comunicado, afirmou que “seja qual for a criatura que produziu esses magnetofósseis, agora sabemos que ela muito provavelmente era capaz de navegação precisa.”

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A realização do estudo

Pesquisador olhando substância no microscópio
Estudo foi realizado em laboratório (Imagem: shisu_ka/Shutterstock)

Para observar o interior dos magnetofósseis, os pesquisadores usaram uma nova técnica com base em tomografia magnética, o que possibilitou a visualização das estruturas internas nos fósseis da criatura ainda não identificada. 

Coautora do estudo, Claire Donnelly, do Instituto Max Planck, na Alemanha, se mostrou muito empolgada com a possibilidade de analisar os fósseis de forma detalhada por meio da tomografia magnética e ainda descobrir o método de navegação do animal. 

“O fato de termos conseguido mapear a estrutura magnética interna com tomografia magnética já era um ótimo resultado, mas o fato de os resultados fornecerem informações sobre a navegação de criaturas milhões de anos atrás é realmente empolgante!”, disse ela no comunicado. 

Por meio da tomografia, realizada nas instalações de raios X Diamound, em Oxford, os pesquisadores conseguiram descobrir que as disposições de minúsculos campos magnéticos criados por elétrons em rotação, mostraram que havia magnetorecepção nos animais aos quais os fósseis pertenciam.

Também no comunicado, Jeffrey Neethirajan, aluno de doutorado no laboratório de Donnelly mostrou-se muito feliz com a utilização da tomografia magnética no estudo. “É fantástico ver nosso método sendo usado pela primeira vez para estudar amostras naturais.”

Não foi possível identificar a qual animal os fósseis pertenciam

enguia elétrica
Fósseis podem ser de enguias
(Imagem: Miroslav Halama/Shutterstock)

Apesar de constatar a magnetorecepção nos fósseis, os pesquisadores estão com dificuldade para determinar a qual animal esses restos mortais pertencem. 

Entre as especulações dos pesquisadores aparecem as enguias, pois elas evoluíram há aproximadamente 100 milhões de anos e possuem capacidade para navegar em vias navegáveis no planeta Terra.

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.