Recall mal conduzido pode gerar uma ação coletiva contra a Tesla

Consumidores acusam a empresa de driblar devoluções e deixar aparelhos inutilizáveis até o reparo — pagando caro por isso
Por Matheus Chaves, editado por Bruno Capozzi 28/11/2025 11h08
Powerwall 2
O sistema foi desenvolvido para funcionar em conjunto com placas solares instaladas nos telhados residenciais (Imagem: AngieC333/Shutterstock
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De acordo com o site Electrek, a maneira como a Tesla vem conduzindo o recall do Powerwall 2 gerou uma ação coletiva. Isso porque os usuários estão ficando com baterias inutilizáveis até que a empresa realize a troca do componente. 

Entenda o caso

As baterias Powerwall 2 da Tesla, fabricadas entre 2020 e 2022 com o objetivo de ser adicionada a sistemas de energia solar existentes, foram recolhidas por risco de superaquecimento e incêndio.

Conforme informações divulgadas no site da Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (CPSC), dos Estados Unidos, cerca de 10.500 unidades foram citadas no recall. Houve 22 relatos de superaquecimento — seis com emissão de fumaça e cinco com princípio de incêndio, resultando em danos materiais leves. Até o momento, não há registro de feridos.

Tesla Powerwall instalado na parede de uma casa
De acordo com a CPSC, os consumidores precisam garantir que seu sistema Powerwall 2 esteja online e acessar o aplicativo da Tesla para saber se sua unidade está incluída no recall (Imagem: Roschetzky Photography / Shutterstock)

Ainda segundo o órgão, para mitigar o risco, a Tesla desativou remotamente (via atualização de software) as baterias afetadas — zerando sua carga — até que as unidades defeituosas sejam substituídas.

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A própria Tesla já havia comunicado que estava realizando o descarregamento remoto de unidades afetadas com o problema e que estavam conectadas à rede (Imagem: Roschetzky Photography/Shutterstock)

O problema, contudo, deixou muitos consumidores sem o serviço contratado. A ação coletiva, apresentada na Justiça do Distrito Médio da Flórida — divisão de Jacksonville, sob o nome Brown v. Tesla, Inc. — acusa a empresa de utilizar um software para limitar a carga ou descarregar a bateria com o objetivo de minimizar os riscos de superaquecimento, em vez de realizar a substituição imediata ou reembolso.

Na prática, consumidores que desembolsaram cerca de US$ 8 mil pelo sistema ficaram — temporariamente — com “decoração de parede cara”, sem qualquer funcionalidade de armazenamento ou backup de energia.

Substituições lentas e críticas sobre a adequação ao propósito

Além disso, o processo de troca física dos equipamentos tem sido descrito como “lento, trabalhoso e incompleto”. A ação alega que os clientes enfrentam “longos períodos” com o sistema parcialmente ou totalmente inoperante.

Até o momento, a Tesla não se manifestou publicamente sobre o processo e não divulgou um prazo para a substituição de todas as unidades afetadas.

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.