James Cameron critica uso de IA generativa no cinema e chama a ideia de “horrível”

Diretor de “Avatar: Fogo e Cinzas” afirma que substituição de atores por IA fere essência da arte — e preserva valor da performance humana
Matheus Chaves01/12/2025 16h26
James Cameron
James Cameron é um dos maiores nomes da indústria cinematográfica no mundo (Imagem: Fred Duval/Shutterstock)
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Conhecido por dirigir filmes que possuem diversos efeitos visuais, como as franquias “Avatar”, “The Terminator” e “Titanic”, James Cameron criticou o uso crescente da chamada inteligência artificial generativa (IA) nas produções cinematográficas. Durante uma entrevista ao programa “CBS Sunday Morning”, ele deixou clara a distinção entre o método tradicional de captura de performance — que privilegia o ator e o diretor — e a substituição de artistas por criações por meio de IA.

Para Cameron, a técnica de performance capture é “uma celebração do momento ator-diretor”. Por exemplo, no caso de “Avatar: Fogo e Cinzas”, filme que estreia no dia 18 de dezembro nos cinemas brasileiros, cenas subaquáticas foram filmadas em um tanque de 250 mil galões, com os atores realizando movimentos reais, capturados por múltiplas câmeras. Segundo o diretor, o resultado são personagens digitais cujos gestos e expressões partem da atuação humana, preservando a emoção, a expressão e a interpretação.

“No outro extremo do espectro, temos a IA generativa, que consegue criar um personagem, um ator, uma performance do zero com base em um texto. Não, isso é horrível… É exatamente o que não estamos fazendo”, afirmou Cameron. 

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A imagem mostra um personagem fictício com pele azul, características indígenas e orelhas pontudas, similar aos habitantes de Pandora no filme "Avatar". Ele usa um colar intrincado feito de contas e materiais naturais que decoram seu pescoço e peito.
Avatar é uma das produções mais aclamadas entre as que foram dirigidas por Cameron
(Imagem: Century Fox/Divulgação)

O que incomoda Cameron na IA generativa

Cameron argumenta que, diferente da captura de performance, a IA generativa não se baseia na experiência de vida, nas nuances e nas singularidades de um ator — limita-se a recombinar o que já existe. Isso, segundo ele, gera um tipo de “média” de todas as artes humanas anteriores, mas jamais algo genuinamente novo ou verdadeiramente original.

“O que a IA generativa não consegue fazer é criar algo novo, nunca antes visto. Os modelos… são treinados com tudo o que já foi feito, não podem ser treinados com o que nunca foi feito. Então, essencialmente, você verá toda a arte e a experiência humana misturadas, e o resultado será uma espécie de média disso tudo. O que você não consegue captar é a experiência de vida única de cada roteirista e suas peculiaridades. Você não encontrará as idiossincrasias de um ator em particular”, afirmou o diretor. 

Trailer de Avatar: Fogo e Cinzas

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital