“Molécula da felicidade” detectada no asteroide Bennu ajuda a explicar origem da vida

Material trazido do asteroide Bennu pela missão OSIRIS-REx pode guardar pistas muito importantes sobre a origem da vida
Por Matheus Chaves, editado por Lucas Soares 02/12/2025 18h48
Amostra do asteroide Bennu
Amostra analisada tem apenas 121,6 gramas (Imagem: NASA/Erika Blumenfeld e Joseph Aebersold
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

Um novo estudo publicado no site do Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), uma das revistas científicas multidisciplinares mais respeitadas do mundo, sugere foi descoberta uma substância que ainda não havia sido detectada em materiais extraterrestre, mas que agora pôde ser constatada no asteroide Bennu, que foi mostrado pela missão OSIRIS-REx, da NASA

O que foi notado por meio do estudo

  • Pesquisadores anunciaram a descoberta de um dos precursores da “molécula da felicidade” — o aminoácido Tryptophan — em material obtido a partir do asteroide Bennu, algo nunca observado antes em amostras extraterrestres.
  • O achado amplia o leque de compostos orgânicos detectados fora da Terra: já haviam sido identificadas todas as cinco bases nucleobases usadas no DNA/RNA (adenina, citosina, guanina, timina e uracila), além de 14 aminoácidos presentes em organismos vivos — mas o triptofano ainda não.
  • O triptofano é precursor de moléculas essenciais ao funcionamento da vida como a conhecemos: o neurotransmissor Serotonina (muitas vezes chamada de “molécula da felicidade”), o hormônio do sono Melatonina e a vitamina B3. Vale destacar que uma forma de vitamina B3 havia sido detectada antes na amostra de Bennu, o que contribui para a veracidade da descoberta atual. 
As imagens que compõem esta animação foram capturadas ao longo de cerca de quatro horas em 4 de dezembro de 2018, durante a primeira passagem da OSIRIS-REx sobre o polo norte de Bennu. Crédito: NASA/Goddard/Universidade do Arizona

Leia mais:

Por que o triptofano nunca havia sido detectado?

A explicação para a molécula nunca ter sido vista antes em meteoritos ou amostras espaciais está no fato de que ela é sensível e facilmente degradável. 

Como a coleta do material foi realizada de forma cuidadosa, retirando cerca de 121,6 gramas do asteroide, é possível que as moléculas frágeis tenham sido preservadas. 

Vida na Terra pode ter se originado a partir de material extraterrestre
Descoberta reforça teoria de que a vida na Terra pode ter se originado a partir de material extraterrestre (Image: andrey_l / Shutterstock)

Impacto nas teorias sobre a origem da vida

“Nossos resultados ampliam as evidências de que moléculas orgânicas prebióticas podem se formar em corpos planetários primitivos em processo de acreção e podem ter sido transportadas por impactos para a Terra primitiva e outros corpos do Sistema Solar, contribuindo potencialmente para a origem da vida”, escreveram os cientistas no artigo publicado no PNAS.

Sobre a amostra de Bennu e os riscos do asteroide

Bennu mede cerca de 500 metros de diâmetro e, segundo estimativas da Nasa, tem probabilidade de impacto com a Terra de 1 em 1.750 até o ano de 2.300 — o que torna o estudo do seu material ainda mais relevante para entender não só a vida, mas também potenciais riscos futuros. 

Atualmente, é estimado que a data de maior risco de impacto entre o asteroide e a Terra é em 24 de setembro de 2.182.

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.