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Um avanço histórico na medicina regenerativa marcou o primeiro transplante bem-sucedido de uma córnea totalmente impressa em 3D, capaz de devolver a visão a um paciente que era legalmente cego. O feito ocorreu no Rambam Eye Institute, em Haifa, Israel, em parceria com a empresa Precise Bio, especializada em tecidos biofabricados.
A técnica inovadora utilizou um implante produzido a partir de células humanas de córnea cultivadas em laboratório — sem depender de um doador tradicional. O procedimento, realizado no fim de outubro, abre caminho para expandir o acesso a cirurgias de transplante em países onde a falta de bancos de olhos e infraestrutura dificulta o atendimento.

Impressão 3D pode ampliar acesso a transplantes de córnea
A córnea é essencial para a formação da visão e pode ser danificada por traumas, infecções ou doenças genéticas. Embora os transplantes convencionais tenham taxa de sucesso de cerca de 97%, a disponibilidade de tecido varia enormemente entre países. Em nações desenvolvidas, o tempo de espera costuma ser de poucos dias; em outras regiões, pode chegar a anos.
O modelo de impressão 3D utilizado neste caso muda esse cenário. A partir de uma única córnea de um doador saudável, pesquisadores conseguiram cultivar material suficiente para gerar cerca de 300 implantes, multiplicando a oferta e permitindo atender milhares de pacientes que enfrentam cegueira por danos na córnea.
Além disso, essa abordagem demonstra o potencial de produção escalável e padronizada, algo difícil de alcançar com doações tradicionais.
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Tecnologia pode abrir portas para outros tecidos
A tecnologia utilizada não surgiu da noite para o dia. A primeira versão de uma córnea impressa em 3D foi desenvolvida em 2018, pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido. Desde então, a Precise Bio aperfeiçoou o processo ao longo de uma década, em colaboração com médicos e pesquisadores.
Segundo a empresa, o mesmo sistema poderá ser aplicado futuramente para imprimir:
- tecido cardíaco;
- células de fígado;
- células renais.

Essas aplicações ainda precisam ser validadas por testes clínicos rigorosos, mas representam uma possível revolução no tratamento de doenças graves, especialmente em casos de escassez de órgãos para transplante.