Brinquedos inteligentes em alta: como pais podem proteger a privacidade dos filhos

Brinquedos inteligentes usam IA para interagir com crianças, mas exigem atenção à segurança, privacidade e controle parental
Por Valdir Antonelli, editado por Layse Ventura 02/12/2025 05h17
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Bonecos inteligentes, como o Grok, da Curio, levantam diversas discussões sobre segurança e privacidade infantil. Imagem: Divulgação/Curio
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Os brinquedos infantis estão atingindo um novo nível. Ursos de pelúcia e robôs inteligentes já conversam com as crianças usando inteligência artificial. Mas será que esses companheiros digitais são realmente seguros?

Com o mercado de brinquedos com IA em expansão, empresas globais investem em produtos conectados à internet que respondem em tempo real, comenta a CNN. Isso levanta dúvidas sobre segurança, privacidade e controle parental.

Brinquedos fornecem respostas personalizadas em tempo real, mas os pais precisam estar alertas para evitar instruções perigosas ou impróprias.
Brinquedos fornecem respostas personalizadas em tempo real, mas os pais precisam estar alertas para evitar instruções perigosas ou impróprias. Imagem: Divulgação/KEYi

O que são brinquedos com IA?

Diferentes dos clássicos ursinhos de pelúcia dos anos 1980, os brinquedos modernos se conectam ao Wi-Fi, escutam comandos via microfone e utilizam grandes modelos de linguagem para responder.

Exemplos incluem:

  • Grok, da Curio, que responde a perguntas e interage com a criança;
  • Miko 3, com câmera e programas educativos;
  • Urso Poe, robô Mini da Little Learners e Loona da KEYi Technology.

Esses brinquedos fornecem respostas personalizadas em tempo real, mas, como alerta o caso do urso Kumma, da FoloToy, nem sempre são totalmente seguros: ele chegou a dar instruções perigosas e participar de conversas sexualmente explícitas.

Retiramos o urso de pelúcia e outros produtos de IA do site e estamos conduzindo auditoria interna de segurança.

Larry Wang, CEO da FoloToy, à CNN.
Relatórios da PIRG Education Fund apontam riscos em brinquedos com IA, incluindo respostas incoerentes e exposição a conteúdo impróprio.
Relatórios da PIRG Education Fund apontam riscos em brinquedos com IA, incluindo respostas incoerentes e exposição a conteúdo impróprio. Imagem: Divulgação/PLAI

Quais os riscos e proteções disponíveis

Segundo a PIRG Education Fund, organização que monitora riscos de brinquedos com IA, muitos desses brinquedos apresentam falhas: respostas inconsistentes, foco em companhia social em vez de aprendizado e potencial exposição a conteúdo impróprio.

No entanto, é possível adotar medidas de proteção:

  • Redirecionamento de conversas sobre tópicos inadequados;
  • Recursos baseados na faixa etária da criança;
  • Aplicativos de monitoramento, como no Miko 3, que fornecem transcrições e bloqueiam o brinquedo temporariamente;
  • Configurações parentais para limitar respostas e interações.

“É uma ótima ideia que os pais possam definir limites e realmente controlar sobre o que o brinquedo fala e se comporta”, comentou R. J. Cross, diretor da campanha “Não Venda Meus Dados”.

Além dos riscos, brinquedos com IA também podem auxiliar no aprendizado de idiomas, no desenvolvimento social e no entretenimento educativo. Por exemplo, o Grok pode ensinar diversos assuntos e assumir personagens de filmes, enquanto o Miko 3 integra aplicativos como Disney Stories e Lingokids por US$ 14,99 por mês (aprox. R$ 80).

A adoção crescente de IA em brinquedos infantis transforma a experiência das crianças e gera questionamentos sobre proteção de dados. Imagem: Divulgação/Miko AI

Pais devem ter cuidado com a privacidade dos filhos

Desde o lançamento da Hello Barbie, em 2015, brinquedos conectados levantam preocupações sobre armazenamento de dados, vulnerabilidade a hackers e uso de informações pessoais.

Leia mais:

Brinquedos me parecem lobos em pele de cordeiro, porque, ao usá-los, é difícil perceber quanta privacidade você não tem.

Azhelle Wade, consultora da Toy Coach, à CNN.

Pais devem estar atentos a dados gravados, câmeras e microfones, utilizando mecanismos de proteção e supervisão para garantir que a diversão não coloque as crianças em risco.

Em um mercado que cresce rapidamente, atenção à segurança e à privacidade é essencial para que esses companheiros digitais unam entretenimento e aprendizado, sem comprometer a proteção das crianças.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.